Do Brasil de Fato Pernambuco – O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorizou no dia 18 de novembro a privatização da Liquigás, subsidiária da Petrobrás, cuja operação de venda havia sido vetada pelo órgão em fevereiro de 2018. A perda de controle estatal sobre a maior distribuidora de gás de cozinha no país coloca em risco o abastecimento e contribui para o aumento dos preços, como vem alertando a FUP, nos últimos quatro anos
A Liquigás é a segunda maior distribuidora de gás de cozinha no Brasil e o consórcio, liderado pela Copagaz, foi assinado entre quatro empresas — Copagaz, Itaúsa, Nacional Gás Butano (NGB) e Fogás. A Copagaz será a nova controladora da Liquigás, em conjunto com a Itaúsa, que deterá de 45% a 49,99% do capital social da Copagaz.
Desde o início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendem a venda de empresas estatais federais. Rogério Almeida, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), explica que, com a venda, o Governo Federal não tem mais controle sobre os preços que as distribuidoras vão aplicar para o consumidor final. “Empresas privadas visam apenas o lucro. Não existe preocupação social. O gás de cozinha, que já foi item da cesta básica no governo Lula, era vendido no máximo a R$ 30,00. Hoje, com as privatizações, vão passar dos R$ 100,00 e subir cada vez mais”, alerta.
Em Pernambuco, o aumento do gás de cozinha vem sendo visto desde agosto, quando, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio variou de R$ 60,00 a quase R$ 80,00. Com isso, o gás de cozinha tem ficado ainda mais inacessível para as famílias pobres que, por vezes, dependem de campanhas solidárias de distribuição de gás.
Para o autônomo Francisco Gomes, de Petrolina (PE), tem sido cada vez mais difícil sair das dívidas. “Um botijão por R$ 80,00 é um absurdo. Aqui em casa nunca faltou porque Deus sempre mostra um meio, mas é tirando o dinheiro de uma conta para outra, pedindo emprestado, comprando no cartão. A gente tem que se virar”, comenta.
Rogério argumenta que tem sido visto um crime contra a pátria. “Esse governo entreguista está entregando todas as nossas riquezas. Estamos presenciando a Petrobras sendo fatiada e vendida aos pedaços”, defende. O sindicato e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) estão promovendo uma campanha contra esse processo de privatização. É a #PetrobrásFica, que mobiliza a categoria de trabalhadores, lideranças políticas e a população para que sejam formadas frentes em defesa do patrimônio brasileiro.