Às vésperas do início das negociações da campanha salarial, a Petrobrás revoltou a categoria ao pagar na surdina uma “gratificação” aos gerentes, consultores, supervisores e coordenadores. Além de desrespeitar e desvalorizar todos os demais trabalhadores, o abono pago aos “amigos do rei” é um insulto, principalmente, aos milhares de terceirizados que desde o ano passado aguardam uma solução dos gestores da Petrobrás para impedir os constantes calotes, atrasos de salários e ataques de direitos que sofrem das empresas contratadas. Além de continuar alegando dificuldades para resolver esta questão, a Petrobrás sequer respondeu a pauta salarial da categoria, na reunião do dia 27.
A FUP, portanto, está convocando os trabalhadores a intensificarem as mobilizações que tiveram início esta semana, com atrasos e concentrações na entrada do expediente, e uma parada de advertência de duas horas no próximo dia 13. As mobilizações serão retomadas no dia 09 em todas as bases da Federação. Vamos responder à altura a provocação da Petrobrás e exigir respeito aos trabalhadores que são os principais protagonistas do passado, presente e futuro desta empresa.
Quem são os “amigos do rei”?
A Petrobrás é uma empresa estatal, que deveria ser exemplo de responsabilidade social e honrar os compromissos assumidos com os trabalhadores e representações sindicais. O abono vergonhoso pago às funções gratificadas expõe de forma nua e crua as contradições da gestão da Petrobrás. Os “amigos do rei” que a empresa privilegia são os mesmos que criam dificuldades jurídicas e burocráticas para colocar em prática um sistema que garanta a proteção das verbas rescisórias dos trabalhadores terceirizados.
Os “amigos do rei” que a empresa privilegia são também os mesmos que desrespeitam as normas de segurança e as ditas “diretrizes de SMS” para garantir as metas de produção, colocando em risco a vida dos trabalhadores. É com a anuência destes “amigos do rei” que a subnotificação de acidentes tornou-se crônica na Petrobrás, através de uma gestão que incentiva a insegurança ao permitir absurdos, como altas médicas com restrições de função, equipamentos operando a plena carga e sem manutenção, plataformas e refinarias com efetivos de segurança reduzidos, trabalhadores sem treinamento adequado, entre outras mazelas que já causaram a morte de 283 petroleiros nos últimos 15 anos, dos quais 228 eram terceirizados.
Muitos dos “amigos do rei” que a Petrobrás privilegia com abonos são os mesmos neoliberais que tantas e tantas vezes apoiaram e ainda apóiam a privatização da empresa. São figuras que seguem a mesma cartilha de Rodolfo Landim, Paulo Mendonça, Reinaldo Belotti, entre outros executivos da Petrobrás que foram “comprados” pelo mercado. Gestores que nunca tiveram compromisso com a estatal, muito menos com o país, o que comprova que bônus, abonos e gratificações extras não são instrumentos de retenção de gerentes. O que mantém estes profissionais na empresa é a ética e o comprometimento com os valores e a missão da Petrobrás.
Portanto, é no mínimo provocação com a categoria, os dirigentes da empresa incentivarem a divisão e a discriminação, permitindo privilégios vergonhosos como abonos gerenciais. Este tipo de postura não condiz com o atual momento que o Brasil vive, muito menos com o papel que a Petrobrás desempenhará como operadora única do pré-sal. É, acima de tudo, um desrespeito com as representações sindicais, a empresa fazer apologia da remuneração diferenciada em plena campanha salarial. Os trabalhadores responderão como sempre, com mobilização.
Mobilizações já começaram
Seguindo o indicativo da FUP, os petroleiros realizaram mobilizações em várias bases do país, abrindo a campanha salarial e cobrando da Petrobrás um basta aos acidentes e insegurança nas unidades da empresa. As mobilizações foram realizadas nos dias 27 e 28 de julho e tiveram adesão da categoria no Norte Fluminense, Bahia, Rio Grande do Norte, Duque de Caxias, Pernambuco, São Paulo, Campinas, entre outras bases da FUP. Na Bacia de Campos, o sindicato indicou a operação padrão “Chega de contar com a sorte”, que mobilizou por 24 horas os trabalhadores de plataformas e do Terminal de Cabiúnas. Na Replan, a mobilização foi realizada no dia 28, envolvendo cerca de 10 mil trabalhadores terceirizados que atuam na parada de manutenção da refinaria.
Petroleiros criam Comitê Nacional Pró-Dilma e participam de ato em defesa das estatais
Em todo o país, trabalhadores das mais diversas categorias intensificaram a militância pela eleição de Dilma Rousseff. A candidata do PT tem o apoio das seis centrais sindicais brasileiras: CUT, CTB, Força Sindical, NCST, CGTB e UGT. É a primeira vez na história do país que o movimento sindical se unifica em torno de uma candidatura à Presidência da República. Os petroleiros, que sempre se posicionaram em defesa da democracia e da soberania popular, também estão com Dilma. Na II Plenária Nacional da FUP, os delegados aprovaram por unanimidade o apoio à candidata. No último dia 16, os petroleiros inauguraram no Rio de Janeiro o Comitê Nacional Pró-Dilma, que hoje já conta com a participação de trabalhadores de várias estatais, servidores públicos, eletricitários, bancários, professores, metalúrgicos, portuários, moedeiros, entre outras categorias.
O Comitê tem organizado várias atividades e já se tornou referência da militância, que tem utilizado o espaço para promover debates e divulgar propostas. No dia 29, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, participou de um bate papo com os trabalhadores. No dia seguinte (30/07), o Comitê realizou um ato público em defesa das estatais, reunindo centenas de manifestantes em frente à Petrobrás. O espaço é aberto a todos que queiram somar-se à campanha pela eleição de Dilma e contra o retrocesso. Quem quiser participar é só comparecer ao Largo da Carioca, onde o Comitê está localizado (Edifício Avenida Central, loja C). Os petroleiros, que em 2002 e em 2006 foram fundamentais na eleição de Lula, mais uma vez vão à luta por um país soberano e com justiça social.
Debates sobre o pré sal continuam
No último dia 26, o Rio de Janeiro sediou a segunda etapa do Seminário “Pré-sal e a nova lei do petróleo – desafios e possibilidades”, realizado pela MGiora Comunicação e pela Petrobrás, com apoio da FUP. Desta vez, o tema debatido foi o “O pré-sal e o desenvolvimento social sustentável do Brasil”. O evento teve como palestrantes o coordenador da FUP, João Antonio de Moraes, o economista e técnico do IPEA, Sérgio Gobetti, o jornalista e ambientalista Washington Novaes e o diretor do Sindipetro-RJ, Francisco Soriano. O objetivo é ampliar a discussão na sociedade sobre legislação do setor petróleo e soberania nacional. Já houve debates em São Paulo e as próximas etapas do seminário deverão ser realizadas em agosto e setembro, no Espírito Santo e na Bahia, sempre envolvendo representantes dos trabalhadores, especialistas, técnicos do governo e acadêmicos. Veja no portal da FUP os vídeos com a completa dos seminários
FUP realiza Encontro Jurídico em Minas Gerais
A Secretaria de Assuntos Institucionais, Jurídicos e Trabalhadores Terceirizados da FUP realizará entre os dias 05 e 07 de agosto o Encontro Jurídico Nacional em Belo Horizonte, na sede do Sindipetro-MG. As inscrições para dirigentes sindicais e assessores que queiram participar do encontro devem ser feitas através do e-mail [email protected]. Até uma semana antes do evento, os participantes poderão remeter contribuições teóricas, na forma de relatórios, minutas de ações e artigos. Ao final do encontro, será escolhida uma comissão editorial para publicação dos trabalhos em uma edição de interesse das assessorias jurídicas e da própria.
Negociação sobre regime e jornada na Halliburton prossegue na terça (03)
A Comissão Mista que discute regime e jornada de trabalho na Halliburton volta a se reunir na terça-feira, 03, na sede da FUP, no Rio de Janeiro. Será a quarta rodada de negociação da Comissão, que foi criada em abril e é formada por dirigentes da FUP e dos sindicatos, trabalhadores de base e representantes da empresa. Os trabalhadores têm cobrado que a Halliburton reponha o seu efetivo, reconheça as horas extras de percurso, horas de repouso e horas de sobreaviso no local de trabalho. Outros pontos que são discutidos na Comissão são interstício entre jornada; acúmulo de dias e horas realizadas além do que prevê o Acordo Coletivo; local adequado para o repouso dos trabalhadores durante as operações; controle de folga pelos trabalhadores, entre outras reivindicações.