Categoria pronta para intensificar as mobilizações

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Editorial

Plataformas quebram um tabu

Cada mobilização traz uma lição diferente, por mais que ela se pareça com as demais. E a de ontem, nas plataformas da região, trouxe a boa novidade do atendimento ao chamado pela união, que sempre faz o sindicato, independentemente dos resultados das assembleias por unidade. Foi com este espírito democrático que as plataformas P-51 e P-52 entraram no movimento de paralisação de PTs e serviços rotineiros, mesmo após terem rejeitado o indicativo do sindicato para a mobilização.
Este é um importante tabu quebrado na região. O sindicato sempre defendeu exatamente o que fizeram estas duas plataformas, mas o mais comum era que ocorresse um outro tipo de comportamento: as plataformas que rejeitam o indicativo de mobilização normalmente não a fazem, mesmo que a realização do protesto tenha sido aprovada pela maioria dos petroleiros no somatório de todas as unidades. É muito bom perceber que isto está mudando.
Em outro bom exemplo, a P-17 atendeu ao chamado para realizar assembleia mesmo após o fim do prazo de retorno das atas, já na manhã do dia da mobilização, para se somar ao movimento, como sempre chama o Sindipetro para aquelas unidades que não realizam assembleias no período convocado. Este tipo de adesão fortalece o movimento e mostra a unidade da categoria.
Nas áreas administrativas — que, como tem advertido o sindicato, serão cada vez mais chamadas à mobilização —, infelizmente, o temporal da manhã de ontem em Macaé estragou a surpresa que o sindicato havia preparado para a Petrobrás. A empresa, no entanto, não perde por esperar. E se continuar a não atender às reivindicações dos trabalhadores na mesa de negociações, o presente surpresa será entregue brevemente.
A mobilização também tem sido forte em Cabiúnas, onde a categoria enfrenta atos tiranos da gerência. O sindicato tem liderado protestos diários de parada dos ônibus no portão do terminal, como também mostra matéria da página 3.
Como bem sabem os petroleiros, experientes que são em muitas lutas, o momento é de atuação em estreita sintonia com o sindicato. Cada passo, sempre crescente, é dado com estratégia e responsabilidade, como é tradição do Sindipetro-NF, até chegarmos ao ponto em que a categoria entenda ter atingido boas conquistas no Acordo Coletivo. Tudo isso sem proselitismo, sem falsas promessas.
Sigamos firmes nesta escalada de mobilização. Ontem foi um grande aviso de 24 horas, e que agora se pronuncie a Petrobrás. Os petroleiros estão prontos para dar sinais cada vez mais contundentes de que não abrem mão de fazer história na defesa dos seus direitos e dos interesses da classe trabalhadora.

Espaço aberto

O impensável aconteceu!

Petroleiro de P-50*

Quem de nós trabalhadores offshore nunca ouvimos de alguém em terra a expressão: “Mas dizem que lá a comida é muito boa não é?” Foi -se o tempo! Nós aqui da P-50 desde o início das operações em 2006 temos a empresa CIS Brasil como prestadora de serviços de hotelaria. Desde então convivemos com problemas como a baixa qualidade das toalhas e roupas de cama, falta de higienização regular de camarotes, rotatividade, falta de pessoal e baixa qualidade dos alimentos servidos. Mesmo com todas essas reclamações o contrato foi renovado com algumas alterações e promessas de melhoria dos itens reclamados. Num primeiro momento notou-se uma pequena melhoria  na qualidade dos ítens de alimentação, contudo os outros problemas nunca foram de fato solucionados. Reclamações pontuais sempre existiram mas na falta de ações contundentes para solução fomos nos vendo vencidos pelo cansaço e convivendo com a situação.
Acontece que nos últimos meses somados aos problemas anteriores tivemos uma queda radical na qualidade e no fornecimento de rancho com atrasos constantes e redução na quantidade chegando ao ponto de faltar itens básicos como feijão, açúcar e até água. Por exemplo hoje dia 16/09/2012 no café da manhã não tivemos queijo branco, manteiga, margarina, requeijão e na rampa somente linguiça!
Diante dessa situação insustentável nos reunimos e convidamos a participar o Geplat , a comissária da CIS Brasil e a enfermeira contratada responsável pela fiscalização do contrato. Todos participantes, incuindo os três últimos citados, concordaram que a situação está muito ruim mas alegaram não ter ferramentas para mudar a situação já que a fiscalização não passa mais diretamente pelo Geplat e sim por uma gerência de base. A enfermeira alega que todas as falhas estão sendo apontadas em RDO.
Como maiores vítimas da situação questionamos: Se as falhas estão sendo apontadas em RDO a fiscalização de terra deveria estar aplicando as multas cabíveis, se está aplicando não estão sendo suficientes para solucionar o problema , nesse caso não caberia a recisão do contrato? Certamente os valores acertados em contrato estão sendo pagos pela Petrobras e comprovadamente os ítens não estão sendo cumpridos pela contratada. Quem são os responsáveis? Com certeza não somos nós trabalhadores confinados que não temos uma praça de alimentação de shopping aqui ao lado para irmos almoçar todos os dias!

* Em texto recebido pelo Sindipetro-NF, de acordo com a política descrita abaixo.

Figuraça da semana

Sinal de alerta

A sociedade brasileira precisa estar atenta ao modo como tem beirado ao ditatorial a crimininalização e a judicialização das manifestações populares. A seu bel prazer, partindo de premissas muitas vezes meramente ideológicas, juízes de primeira instância estão tomando decisões que avançam contra as liberdades democráticas e de organização dos trabalhadores. Nesta semana, o juiz plantonista e assessor da Presidência do Tribunal de Justiça em Alagoas, Diógenes Tenório, determinou a prisão do presidente do sindicato dos médicos no Estado, Wellington Galvão, em razão da categoria não ter retornado ao trabalho após a greve que realizam ter sido considerada ilegal. Este é um sinal perigoso de algo que precisa ser veementemente combatido. Categorias com histórico de lutas como petroleiros, bancários e metalúrgicos sabem que a Justiça não é uma aliada natural dos movimentos sociais.

Capa

Categoria pronta para intensificar as mobilizações

Petroleiros fazem 24 horas de mobilizações em todo o País. No NF, 41 plataformas paralisaram PTs e serviços rotineiros. Diretoria do sindicato e a militância estão prontos para elevar o tom, caso a empresa não avance nas negociações. Conselho Deliberativo da FUP se reúne amanhã

 Os petroleiros das plataformas da Bacia de Campos realizaram ontem grande mobilização de paralisação de Permissões de Trabalho (PTs) e de serviços rotineiros. A atividade atendeu ao indicativo nacional da FUP de realização de greve de advertência por 24 horas. O indicativo da mobilização foi aprovado na região em assembleias que começaram no último sábado e até a terça, 25.
 Além das 38 plataformas que aprovaram a mobilização dentro do prazo de retorno das atas, três outras unidades aderiram ao movimento. A P-51 e a P-52, mesmo tendo rejeitado a paralisação, entrou na mobilização após verificarem que a grande maioria dos trabalhadores aprovaram os indicativos. E na P-17, os trabalhadores realizaram assem-bleia na manhã de ontem, já com a paralisação em curso, para aderir ao protesto.
 No total, portanto, 41 plataformas participaram da paralisação, o que, para o Sindipetro-NF demonstra uma grande unidade da categoria na região. A Bacia de Campos conta com 46 plataformas, 42 de produção e quatro de perfuração. Em várias delas, foi produzido o levantamento indicado pelo sindicato sobre a situação da hotelaria, que será publicado no site do NF e servirá de base para cobranças à empresa.
 Em Cabiúnas, a categoria, que já está mobilizada em razão de várias demandas do terminal, continua a atividade dos dirigentes sindicais. O NF está parando os ônibus na entrada da base, para convidar os trabalhadores a baterem o ponto na entrada da unidade — resistindo às mudanças autoritárias tomadas pela gerência. Nesta semana, houve até mesmo uma tentativa de atropelamento dos dirigentes sindicais.
Áreas administrativas
 Em razão das fortes chuvas que caíram sobre Macaé na manhã de ontem, o Sindipetro-NF não realizou uma manifestação surpresa que havia sido programada para uma das bases da Petrobrás no município.
 A entidade, no entanto, mantém a disposição de mobilizar com cada vez mais intensidade as áreas administrativas, e orienta os trabalhadores a se manterem atentos e informados sobre as atividades sindicais.

Plataformas que fizeram a mobilização

PCE-1     
PNA-1  
PNA-2  
PCH-1  
PCH-2  
PCP 1
PCP-3  
PCP 2   
PVM-2  
PVM-3  
PRA-1
P-07  
P-08  
P-09  
P-10  
P-12  
P-15  
P-17     
P-18  
P-19  
P-20     
P-25 
P-26  
P-27  
P-31  
P-32  
P-33  
P-35  
P-37  
P-38  
P-40  
P-43  
P-47  
P-48  
P-50  
P-51 
P-52  
P-53 
P-54    
P-56 
P-65

Quadro nacional

Conselho Deliberativo amanhã

Das Imprensas do NF e da FUP

 A mobilização de 24 horas realizada ontem pelos petroleiros foi uma advertência. Amanhã (sexta, 28) o Conselho Deliberativo da FUP volta a se reunir para discutir um calendário de luta mais contundente. Bancários e trabalhadores dos Correios já estão mobilizados em todo o país. Portanto, se a Petrobrás não apresentar uma nova proposta com avanços significativos, os petroleiros poderão ser a próxima categoria a cruzar os braços por tempo indeterminado. 
 Na mobilização, petroleiros de todo o País fizeram paralisações em unidades operacio-nais e administrativas da Petrobrás e subsidiárias. Não houve trocas de turnos nas refinarias, terminais, termoelé-tricas, usinas de biodiesel e áreas de produção terrestre. Nas plataformas marítimas, os trabalhadores paralisaram as Permissões de Trabalho.  
 A greve de 24 horas foi indicada pela FUP para pressionar a Petrobrás a apresentar uma nova proposta que contemple as principais reivindicações dos petroleiros. O aumento proposto pela empresa no dia 19 (entre 0,9% e 1,2%), além de não atender o pleito dos trabalhadores, está aquém do que tem sido conquistado por outras categorias.
 Estudo do Dieese baseado em 370 negociações coletivas do primeiro semestre deste ano apontou que 97% das categorias conquistaram reajustes que, em média, representaram 2,23% de aumento real acima do INPC. Segundo o Dieese, foi o melhor resultado das negociações salariais desde 1996.

Cabiúnas: Agenda intensa de mobilizações

Diretores do NF acompanham temas do Tecab e cobram posições da empresa

 Além das mobilizações contra as mudanças no cartão de ponto no terminal, os trabalhadores do turno de Cabiúnas enfrentam uma série de pendências na área de segurança e meio ambiente. O sindicato está acompanhando todos os temas, em constante articulação com os trabalhadores. 
 O diretor do NF Gedson Almeida, que é lotado no Tecab, destaca questões como a injeção de biocida, a medição de benzeno e a falta de reunições da Comissão de SMS local, entre os pontos que afligem os trabalhadores.
 “Na última quinzena, a empresa passou a injetar biocida na água de formação, que é bombeada para a Reduc. Esta manobra iniciou-se sem a devida averiguação dos riscos envolvidos e do esclarecimento para os trabalhadores. Na última reunião de Cipa, o Sindipetro-NF cobrou explicação da empresa e nos foi dito pelo coordenador do setor que será feita uma avaliação completa dos riscos da atividade junto ao SMS, e que os trabalhadores do turno só desenvolverão tais atividades após a conclusão dos riscos”, explicou Almeida.
 O sindicato também denuncia que as medições do benzeno realizadas na corrente líquida, durante a última semana, não ocorreram na sua totalidade conforme o acertado entre a entidade, a Cipa e a empresa. O NF também cobra a realização das reuniões da Comissão local de SMS, como determina a cláusula 76 do ACT, descumprida pela empresa.

Soberania sob risco: FUP chama à reação contra leilões

Ministro das Minas e Energia fala em novas rodadas a partir de Maio de 2013

Da Imprensa da FUP

 O  ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou recentemente que o governo deverá retomar no próximo ano os leilões de blocos petrolíferos, que estavam suspensos desde 2009. Segundo ele, haverá duas sequências de licitações em 2013, sendo que a 11ª Rodada está prevista para maio, com a oferta de 174 blocos de petróleo e gás, dos quais 87 em terra e 87 em áreas do pós-sal no mar, principalmente no litoral Norte e Nordeste.
 A realização desses leilões, no entanto, ainda está condicionada à aprovação do novo modelo de distribuição dos royalties do pré-sal, cujo Projeto de Lei do governo continua aguardando votação na Câmara dos Deputados Federais. A FUP considera um erro o governo colocar em pauta novamente os leilões de concessão de petróleo e gás, recursos cada vez mais estratégicos para as nações. Em reuniões com o próprio ministro Lobão, a Federação já havia expressado o seu posicionamento e cobrado o cancelamento de todos os processos licitatórios.
 A FUP, portanto, convoca os trabalhadores a retomar a luta contra os leilões de concessão do nosso petróleo e gás. O que está em jogo é a soberania nacional. Mais do que nunca, precisamos fazer andar no Senado o Projeto de Lei dos movimentos sociais (PLS 531/2009), que defende o restabeleci-mento do monopólio estatal através de uma Petrobrás 100% pública.
 É bom lembrar que a OGX, do empresário Eike Batista, foi criada especialmente para disputar a 9ª Rodada, em 2007, último leilão de petróleo no mar.

Financeiro

Assembleias nas sedes aprovam contas do NF

 Assembleias realizadas na semana passada aprovaram as contas do Sindipetro-NF. Na quarta, 19, foi realizada a assembleia da sede de Campos. E na quinta, 20, a categoria se reuniu na sede de Macaé. Foram aprovadas as contas de 2011 e a Previsão Orçamentária de 2012 da entidade. O boletim Nascente número 764 publicou as contas do sindicato.

Curtas

SUSTO NA SEDE DE CAMPOS 
A ventania e as chuvas que atingiram a região provocaram estragos e transtornos. Em um terreno ao lado da sede do Sindipetro-NF em Campos, uma estrutura metálica de um painel publicitário e um outdoor desabaram e, por sorte, não atingiram pedestres e veículos na avenida 28 de Março.

Um ano de P-35
Ontem, 26, completou um ano da intoxicação que vitimou vários petroleiros da P-35.  Por pouco, não  houve um agrande tragédia e até hoje há trabalhadores que enfrentam as consequencias do caso para a saúde. Pelo menos sete pessoas desmaiaram a bordo e foram desembarcadas.

Bancários
Após oito dias de uma forte greve nacional, a Federação de Bancos (Fenaban) apresentou ao Comando Nacional dos Bancários na terça, 25, uma nova proposta econômica, com reajuste 7,5% para os trabalhadores; de 8,5% do piso salarial e dos auxílios-refeição e alimentação; e de 10% no valor fixo da regra básica e no limite da parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Até o fechamento deste Nascente, a categoria analisava a proposta em assembleias.

Curtinhas
** Diretores do Sindipetro-NF embarcam no próximo dia 2, em 13 plataformas, para participar de reuniões de Cipa. A lista completa das unidades, e os contatos dos diretores para que a categoria enviem relatos de pendências de segurança, estão disponíveis em www.sindipetronf.org.br
** Começou ontem e segue até amanhã, em Campinas (SP), a 8ª Conferência da Universidade Global do Trabalho, que tem como objetivo preparar os trabalhadores para intervir no processo de globalização.
** Trabalhadores dos Correios realizaram na segunda, 24, manifestação nacional em frente ao edifício sede da ECT, em Brasília.

Normando

Carlos Nelson Coutinho

Normando Rodrigues*

O Brasil perdeu, na semana passada, seu maior pensador político, o professor livre docente Carlos Nelson Coutinho.
Ainda nos anos de 1960, em conjunto com o professor Leandro Konder, Carlos Nelson foi o responsável pela pioneira apresentação da obra de György Lukács aos leitores brasileiros, atuando inclusive como tradutor dos capítulos da indispensável “Ontologia do Ser Social”, aqui publicados.
Foi, talvez, nosso maior especialista em Antonio Gramsci, compartilhando o conhecimento acumulado a partir das reflexões do “prisioneiro de Mussolini” em diversos livros obrigatórios, dos quais destacamos a incrível síntese realizada em seu “Gramsci, um estudo sobre seu pensamento político”, de 2003 (Editora Civilização Brasileira).
Formulador incomodado, e incômodo, cunhou a expressão “democracia enquanto valor universal”, por ele mesmo aprimorada para “democratização enquanto valor universal”, pautando boa parte da esquerda tradicional brasileira. Dele vieram, ainda, contribuições importantes para a necessidade de novas institucionalidades que combinassem mecanismos de participação direta (como “conselhos”, por exemplo) com a limitada democracia representativa.
Como bom marxista, aliou a teoria à prática, em uma vida inteira de militância política que atravessou PCB, PT e PSOL. E somente contra a vontade afastou-se da sala de aula, arena na qual, até onde pôde, dedicou-se à disputa da consciência das novas gerações, não obstante a enormidade da ideologia liberal.
Para os que acham que tudo está perdido, e que o domínio ideológico é tamanho que não vale a pena lutar, fica o brilhante exemplo da vida e obra de um intelectual e militante insubstituível.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. 
[email protected]