Em live das centrais, presidente da CUT destacou o papel crucial dos sindicatos nas negociações coletivas para evitar demissões e baixos reajustes salariais. Nobre anunciou ato no dia 7/9 em defesa do país
[Com informações da CUT]
A CUT e as demais centrais sindicais realizaram na manhã desta quarta-feira (13) uma live em que seus dirigentes e o ministro do Trabalho e Emprego Luiz Marinho, defenderam formas de manter empregos e reajustes salariais diante do tarifaço de 50% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs às exportações brasileiras, numa afronta à nossa soberania para tentar livrar o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), da cadeia por tentativa de golpe de Estado.
O presidente da CUT Sergio Nobre destacou que as sanções dos EUA são um ataque muito forte à soberania do nosso país e que tem como objetivo desestruturar a nossa economia, que, segundo ele, tem se mostrado muito forte.
“O presidente Lula vem reagindo de maneira muito correta, com serenidade e também com muita firmeza. A gente sabe que os Estados Unidos têm mais instrumento de pressão do que tem o Brasil em relação a eles, mas a gente não é um país qualquer. A gente é uma nação grande e a gente tem que tratar isso de cabeça erguida e não ser subserviente aos Estados Unidos”, declarou.
Diante da possibilidade de desemprego, que de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) pode atingir em um ano mais de 700 mil trabalhadores e trabalhadoras de diversos setores, e ter um impacto no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,35% negativo, Sergio Nobre defendeu que para atravessar esse período o melhor caminho é a negociação coletiva dos sindicatos junto ao empresariado.
“A gente propôs que cada setor, cada empresa afetada forme uma mesa de negociação séria, que não pode passar de 10 dias para a gente conversar e estabelecer as medidas”, afirmou.
Ainda em sua fala, o presidente da CUT defendeu o pacote de R$30 bilhões que o presidente Lula propõe para enfrentar o tarifaço, mas desde que as empresas que tomarem empréstimos a juros menores preservem os empregos.
“É preciso tomar cuidado com aquelas empresas que demitem previamente porque sabem que vai ter que se comprometer com o emprego, então demite antes. É muito importante que a gente fortaleça as campanhas salariais do segundo semestre, por que tem empresas já se aproveitando dizendo que o cenário está incerto e pedem para transferir a campanha salarial para o ano que vem e, nós não podemos entrar nessa”, alertou.
No plano internacional o presidente da CUT disse está sendo articulando para setembro um encontro virtual das centrais sindicais do Brasil, do México, do Canadá, dos Estados Unidos e da Europa, para estabelecerem um documento e um posicionamento comuns sobre o tarifaço.
“O comportamento do Trump desorganiza o processo de produção e a troca comercial entre os países de maneira criminosa. É uma posição comum. Então, eu também estou solicitando para que o presidente da OMC [Organização Mundial do Comércio] receba todas as centrais sindicais desses países para a gente conversar sobre a perversidade desse programa e o impacto que tem no emprego, não só no Brasil, mas também no mundo”, afirmou Sergio Nobre.
Impactos do tarifaço
A análise do impacto das tarifas foi feita pela diretora-técnica do Dieese, Adriana Marcolino. No documento apresentado há uma avaliação dos impactos da taxação em diversos setores econômicos brasileiros e as potenciais consequências para as negociações coletivas no segundo semestre, além de destacar propostas das centrais sindicais. O documento completo pode ser lindo aqui .
As propostas das centrais sindicais incluem:
- Defesa da Produção Nacional
- Proteção do Emprego e da Renda
- Negociação Coletiva e Participação Sindical
- Institucionalização do Diálogo Social
- Transição Ecológica Justa e Inclusiva
- Nova Estratégia Comercial Externa
Ministro do Trabalho e Emprego defende atuação sindical contra o tarifaço
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, em vídeo enviado, lembrou que os principais acordos coletivos estão agora se dando a partir de setembro, a novembro e pediu que os sindicatos “olhem com muito carinho, estude a realidade de cada empresa, de cada setor, para caprichar na negociação coletiva, na manutenção do emprego”.
“Vejo que esse episódio do Trump nos coloca a obrigação de estar mais atento para termos efetivamente o quadro de cada empresa para não comprar gato por lebre. Pode ter muitas empresas que busquem aproveitar de forma oportunista nesse momento para evitar dar um reajuste de salário, de aumento real de salário ou negociar de forma rebaixada. Portanto, o sindicato tem o domínio da situação do mercado interno, do mercado externo de cada empregador. É fundamental nessa hora da negociação.”, afirmou.
Marinho entende que este momento não é de desespero e que os Estados Unidos são um importante parceiro comercial, construído há mais de 200 anos, mas que nossa dependência comercial em relação aquele país caiu de 25% em 2003 para 12% em 2025.
“Ocorre que nós abrimos muitos outros mercados. Nós crescemos muito as nossas exportações e importações também. Somente esses dois anos e meio do governo do presidente Lula, desse mandato, nós abrimos 387 novos mercados para os produtos brasileiros. É por essa razão que vem diminuindo a dependência do mercado norte-americano. Nós queremos continuar sendo parceiro forte, mas nós queremos continuar diminuindo ainda mais essa nossa independência. Quero dizer a vocês, seguramente quando terminar esse processo, o Brasil estará mais forte e menos dependente ainda do mercado norte-americano”, afirmou.
Luiz Marinho reafirmou o compromisso que o Ministério do Trabalho e Emprego estar sempre à disposição para dialogar junto aos sindicatos, buscar alternativas e soluções juntos.
“É um processo de mobilização permanente e nós sabemos que nós temos riscos e uma das questões é, portanto, como diz o presidente Lula, a defesa da nossa democracia, defesa das nossas instituições, defesa da nossa soberania. Portanto, 7 de setembro vem aí, como dia importante de mobilização, temos que dar demonstração que o povo brasileiro, o povo trabalhador está unido em defesa do Brasil”, completou Luiz Marinho.
Sete de setembro, dia de defender a soberania nacional e os empregos
Sergio Nobre anunciou que haverá umato no dia 7 de setembro (domingo) em todo o país. Em São Paulo será realizado na Praça da República, centro da cidade, a partir das nove da manhã.
“Temos de demonstrar para o mundo que o povo brasileiro está disposto a defender a sua soberania, o seu emprego, que o nosso país e a classe trabalhadora não ficam de joelhos a ninguém e nós vamos dizer para o Trump que apesar dele o Brasil vai continuar crescendo, vai continuar com democracia e a classe trabalhadora apoiando as suas instituições”, afirmou Sergio Nobre.
Troca de informações entre sindicatos
As centrais sindicais lançaram um site para o compartilhamento de informações sobre as dificuldades enfrentadas pelo Tarifaço nas Negociações Coletivas, bem como sobre questões relacionadas à suspensão de contratos de trabalho ou a demissões, especialmente quando estas apresentarem índices elevados de geração de desemprego.
Acesse aqui https://centraissindicais.org.br/emprego/
Participantes da live
Além de Sergio Nobre participaram da live Miguel Torres, presidente da Força Sindical; Ricardo Patah, presidente (UGT); Ronaldo Leite, secretário-Geral (CTB); Moacyr Tesch, presidente (NCST); Álvaro Egea, secretário-Geral (CSB) e Nilza Almeida, secretária-Geral (Intersindical). Cada um dos participantes discorreu sobre os impactos do tarifaço.
A coordenação da live foi de Clemente Ganz Lúcio, assessor das Centrais Sindicais. A reprise da transmissão pode ser vista no Youtube da CUT .