Cícero Guedes: vida de militante do MST vira tema de peça em Campos

Do Brasil de Fato – No último domingo (5) foi encenada a peça de teatro “Meu nome é Cícero”, no Teatro Municipal Trianon, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. A peça resgata a história da cidade da perspectiva do agricultor Cícero Guedes, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e uma das principais lideranças da região assassinado em 2013.

Natural do interior de Alagoas, Cícero Guedes foi submetido ao trabalho análogo à escravidão ainda criança em monoculturas de cana de açúcar. Como milhares de trabalhadores pobres da região, foi para o sudeste tentar a vida com a esposa e os filhos.

Em Campos dos Goytacazes, foi atraído pela cadeia produtiva da cana em 1990 e anos depois se juntou a ocupação da reforma agrária Zumbi dos Palmares, nas terras da falida Usina São João.

O trabalhador rural que chegou analfabeto no Rio de Janeiro aprendeu a ler e escrever na Escola Municipal Carlos Chagas, em Campos, aos 40 anos, quando já integrava o MST.

A peça inspirada em sua história começou ser escrita pelo diretor e roteirista Adriano Moura em 2020, mas a produção foi interrompida em 2020, com a pandemia da covid-19. Segundo Moura disse em entrevista ao jornal Folha 1, a ideia da narrativa não é fazer do militante um herói, mas humanizar sua história como referência no enfrentamento às desigualdades no país.

Foto: Patrícia Bueno / Divulgação

“O que mais aprendi pesquisando sobre o Cícero para compor o roteiro da peça foi que é possível nós construirmos um outro pais, é possível um pais que haja terra para todo mundo, é possível que haja comida para todo mundo e é inadmissível que o Brasil, sendo um dos maiores produtores de alimentos do planeta, tenha milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza” afirmou ao Folha 1.

A peça tem músicas de Matheus Nicolau e direção musical de Orlando Pacheco e Matheus Nicolau. O elenco conta com Adriana Medeiros, Arnaldo Zeus, Tim Carvalho e Gualter Torres. Os músicos são Matheus Nicolau, Denisson Caminha e André Rangel.

“Meu nome é Cícero” tem patrocínio da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Aduenf), da Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff), do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e da Prefeitura de Campos.