Clipping: Parada em plataforma expõe riscos

Operação da Petrobras em alto-mar na região da Bacia de Campos

 

O sindicato dos petroleiros do Norte Fluminense alerta para a falta de manutenção das operações decorrente do baixo efetivo da Petrobras

DCI /São Paulo – O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) alerta para os riscos decorrentes da falta de efetivo para manutenção, após denúncia de vazamento de óleo da P-40, na Bacia de Campos.

“O principal motivo desse vazamento é a falta de efetivo. O programa de demissão voluntária da empresa deixou áreas-chave como operação e manutenção deficientes”, afirma o diretor do Sindipetro-NF, Marcelo Nunes.

Localizada a cerca de 140 quilômetros de Macaé (RJ), na Bacia de Campos, a P-40 já foi considerada a maior plataforma em operação no País, de acordo com Nunes.

“Nos últimos anos, a empresa reduziu consideravelmente o número de funcionários na plataforma, principalmente nas áreas de produção e manutenção.”

Segundo ele, a P-40 deveria produzir, atualmente, cerca de 150 mil barris por dia (bpd) de petróleo, mas a estimativa é que esse volume gire em torno de 50 mil a 70 mil (bpd).

O Sindipetro-NF informou que a Marinha interditou as operações da P-40 na sexta-feira (10), após detectar irregularidades. Nunes ressalta que o nível de óleo na superfície da água estava fora dos padrões.

“O problema ocorreu justamente na área de tratamento de água a ser descartada no mar. O teor de óleo estava muito acima do permitido”, esclarece o dirigente.

A Petrobras informou por e-mail que, após vistoria da Marinha, a P-40 teve aval ontem para voltar a operar. Com isso, teria ficado pouco mais de três dias seguidos parada.

“Esse tipo de plataforma opera 24 horas ininterruptamente”, acrescenta Nunes.

Em operação há cerca de 15 anos, a P-40 é considerada uma plataforma de idade média, que ainda possui vida útil considerável. De grande porte, já chegou a ter cerca de 215 funcionários a bordo, índice conhecido na área como People On Board (POB).

“Atualmente, esse número é bem menor”, declara Nunes, que trabalhou na P-40 por aproximadamente nove anos.

Demissão voluntária

Em 2014 e em 2016, a Petrobras implementou o chamado Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), com o objetivo de reduzir custos e atingir as metas do plano de gestão da companhia.

Conforme o diretor do Sindipetro-NF, essa medida pode colocar em risco as operações. “Há 13 anos a Petrobras não abre concurso público e ao mesmo tempo vem reduzindo o seu efetivo. O risco de acidentes de maior proporção é considerável”, pontua Nunes.

Em e-mail ao DCI, a estatal “reitera seu compromisso com a segurança dos trabalhadores e a preservação do meio ambiente e de suas instalações.”

 

Jornalista: Juliana Estigarríbia

Foto: Operação da Petrobras em alto-mar na região da Bacia de Campos
agência petrobras