CLIPPING: Petroleiros denunciam falta de segurança no trabalho durante ato pelos 11 anos do acidente da P-36

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Petróleo e gás
QUI, 15 DE MARÇO DE 2012 22:07
Onze pessoas morreram no acidente da P-36, apenas dois corpos foram resgatados

Dezenas de petroleiros fizeram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (15) na porta dos terminais onde os trabalhadores da indústria do petróleo embarcam para as plataformas da bacia de Campos, no norte do Estado.

Com camisetas brancas e faixas com os dizeres “P-56 Você esqueceu? Nos não” , eles lembraram os 11 anos do acidente onde morreram 11 trabalhadores. Durante a mobilização organizada pelo Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense), eles denunciaram a falta de segurança nas unidades e alertaram para a importância de registrar os acidentes de trabalho. O objetivo foi conscientizar os petroleiros que embarcavam ou desembarcavam no heliporto do Farol de São Tomé, em Campos e nos aeroportos de Macaé e Cabo Frio. Diariamente 1.800 trabalhadores voam nos helicópteros com destino às plataformas da Petrobras.

Em Campos a mobilização foi pacífica. Em Macaé, alguns manifestantes tentaram impedir a entrada dos petroleiros nas aeronaves para garantir a presença durante o discurso dos manifestantes. Algumas viúvas de vítimas de acidentes participaram da mobilização.

De acordo com o diretor do Sindipetro-NF, Cláudio Alberto de Souza, em 2011 foram registrados 1.606 acidentes na bacia de Campos, o que dá uma média de quatro por dia, e 119 mortes nos últimos 14 anos.

– Esses números são baseados no CAT [Comunicação de Acidente de Trabalho], mas existem muitos que não são registrados.

O petroleiro Woldney Duarte denunciou que escorregou em uma água misturada a óleo dentro de uma plataforma em 2008, mas o caso foi registrado como incidente. Até hoje ele anda de muletas e está de licença.

Segundo o sindicato da categoria as quedas provocadas por equipamentos fora do lugar e piso escorregadio são os acidentes mais comuns nas plataformas.

Armando Freitas, que é técnico de segurança de plataforma e trabalha como petroleiro há 36 anos, explicou que outra causa de acidentes é a falta de manutenção de algumas unidades. Por estarem em alto mar sofrem com a ação da maresia que provocam corrosão nas estruturas metálicas.

– Por causa da preocupação de garantir a produção, muitas vezes são feitos gatilhos para garantir o funcionamento de uma unidade. Isso coloca em risco a vida do trabalhador.

Por meio de nota, a Petrobras informou que trabalha preventivamente para que não ocorram acidentes e investe em treinamento intensivo, integridade das instalações e segurança de processo, além de exigir o mesmo das empresas fornecedoras. De acordo com a companhia, no período de 2000 a 2011, a Taxa de Frequência de Acidentados com Afastamento da Petrobras reduziu de 3,60 para 0,68.

O acidente

O acidente da P-36 aconteceu nas primeiras horas da madrugada do dia 15, no campo do Roncador. Tudo começou com duas explosões em um dos pilares da plataforma, desestabilizando a estrutura, que ficou inclinada. Na hora do acidente, existiam 175 petroleiros na unidade e 11 deles morreram. Apenas dois corpos foram resgatados.

Na última terça-feira (13), um acidente com a plataforma SS-39 fez com que muita gente revivesse o caso da P-36. Um incêndio em um dos pilares da unidade alertou todos os 102 petroleiros da unidade. A produtora chegou a ficar inclinada. O incêndio e a inclinação foram controlados e a unidade já voltou a operar, mas a Petrobras acionou um esquema especial para o caso de precisar transferir os trabalhadores para unidades próximas, como aconteceu há 11 anos.

Fonte:Do R7, em Campos