Rede Brasil Atual – Fenaban marca nova reunião com Comando Nacional da categoria às 17h em São Paulo. Movimento iniciado em 6 de setembro iguala o de 2004, o mais longo desde a nacionalização da convenção coletiva
O Comando Nacional dos Bancários terá nova rodada de negociação com a Fenaban, a entidade que representa as instituições financeiras, na tarde desta quarta-feira (5), às 17h. A reunião foi solicitada pelos bancos. Os bancários, que completam no mesmo dia 30 dias em greve em nível nacional, cobram uma proposta que tenha condições de ser apresentada para a categoria. A última vez que uma proposta foi levada a apreciação em assembléia – reajuste de 6,5% e abono de R$ 3.000 – foi em 1º de setembro, o que desencadeou a deflagração da greve cinco dias depois.
A oferta foi considerada incompatível com o desempenho dos bancos – apenas os cinco maiores tiveram lucros de R$ 30 milhões no primeiro semestre. As tentativas seguintes da Fenaban, de elevar o reajuste para 7% e o valor do abono único (primeiro para R$ 3.300, em 15 de setembro, e depois para R$ 3.500, no dia 28), foram descartadas na própria mesa de negociação, por não alterar o conceito interpretado pelo comando da categoria como política de redução salarial, uma vez que o reajuste não repõe a inflação e o abono não produz efeito sobre a renda futura dos trabalhadores.
Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, para que uma proposta seja levada à avaliação é necessária uma mudança de postura. “É preciso valorizar os bancários, debater mecanismos de proteção aos empregos, melhorias as condições de trabalho, inclusive com reajuste para vales e auxílios que têm defasagem maior que a inflação”, afirma. “Nesta quarta-feira, a categoria está completando 30 dias de greve. Esperamos que os bancos venham para a mesa com proposta que possa resolver a campanha.”
Ontem (4), 791 locais de trabalho fecharam na base do sindicato, de acordo com a entidade, e cerca de 42 mil trabalhadores participaram das paralisações. A adesão tem abrangência nacional e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) lembra que, ao completar 30 dias, a greve iguala o movimento de 2004, primeiro ano com negociações unificadas entre bancos públicos e privados. A greve mais longa na história da categoria, iniciada em 28 de agostos de 1951, durou 69 dias.
O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, observa que a paralisação desafia o aparato repressivo e judicial acionado pelos bancos. “Em algumas regiões os bancos colocaram a polícia para pressionar e obrigar os bancários a trabalhar. Tem bancos produzindo documentos com ameaças e informações falsas. Isso é mentira e a categoria está ciente”, diz.
A categoria tem conseguido reverter na Justiça tentativas de criminalização do direito de greve. Na segunda-feira (3), a Justiça do Trabalho negou pedido de prisão da presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, feito pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil. Em seu despacho, a juíza Mariana de Carvalho Milet considerou o pedido de prisão “medida excepcional e extrema” e que não se adequa ao tratamento jurídico que deve ser dado à greve dos bancários.
Com informações do Sindicato dos Bancários de São Paulo e da Contraf-CUT