Da Imprensa da FUP – Representantes da FUP e de seus sindicatos voltaram a se reunir com o RH da Petrobrás e das subsidiárias nesta terça-feira (11), após a rejeição massiva da primeira contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho apresentada pela empresa. A reunião aconteceu com a categoria em estado de greve e pressionando a gestão por avanços no processo de negociação e atendimento dos eixos de reivindicações que foram aprovados nas assembleias.
Conforme indicado pela FUP, os trabalhadores e as trabalhadoras da Replan, Reduc, Regap e da Refinaria Abreu e Lima aderiram às mobilizações desta manhã, atrasando a entrada do expediente por três horas. Os atos contaram com a participação de lideranças sindicais das demais bases da Federação e reforçaram a cobrança por um ACT digno e justo para todo o Sistema Petrobrás e uma solução este ano para os equacionamentos da Petros. Durante a mobilização, a categoria repudiou ainda as medidas arbitrárias que estão sendo implementadas pelos gestores e que foram temas também da reunião desta terça.
Trabalhadores querem respeito e valorização
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, chamou atenção dos representantes do Sistema Petrobrás para o resultado das assembleias, destacando que a categoria está mobilizada e indignada com as dificuldades que a gestão tem imposto ao processo de negociação coletiva, sob a alegação da necessidade de redução de custos. Ele tornou a enfatizar que esse argumento não se sustenta, sobretudo diante dos resultados recentes da empresa e da manutenção da política de distribuição de dividendos extraordinários.
O resultado do terceiro trimestre, anunciado semana passada pela Petrobrás, apontou um aumento de 23% do lucro líquido em relação ao segundo trimestre. No entanto, os trabalhadores, que produziram esse resultado, seguem sendo negligenciados em suas reivindicações, enquanto a diretoria da empresa libera mais R$ 12,16 bilhões para os acionistas. Somente este ano, já são R$ 32,6 bilhões de dividendos distribuídos, o que representa 34,5 % do lucro líquido obtido em 2025.
“É inadmissível que a Petrobrás pague R$ 12 bilhões de dividendos só no terceiro trimestre, enquanto corta postos de trabalho no Polo Bahia Terra, demitindo mais de 150 prestadores de serviço, sem explicação alguma, se não a redução de custos. Da mesma forma que é inadmissível que a empresa continue prejudicando aposentados e pensionistas com os equacionamentos da Petros que já poderiam ter sido resolvidos”, criticou Bacelar.
As direções sindicais afirmaram que não tem sentido a gestão da Petrobrás defender na mesa de negociação uma política de austeridade fiscal, usando como desculpa a queda momentânea dos preços do barril do petróleo, enquanto segue pagando altíssimos dividendos aos acionistas. O coordenador da FUP enfatizou que a distribuição da riqueza da Petrobrás precisa chegar aos trabalhadores e às trabalhadoras através de um Acordo Coletivo digno, com ganho real, que resgate direitos que foram perdidos e que valorize quem de fato constrói os resultados desta empresa.
“A justa distribuição da riqueza gerada pelos trabalhadores e trabalhadoras é um dos eixos da campanha que a categoria aprovou nas assembleias, assim como o fim dos PEDs. Não fecharemos o Acordo sem uma solução concreta para os equacionamentos da Petros”, avisou Bacelar, destacando, ainda, a necessidade de uma resposta da empresa para a Pauta pelo Brasil Soberano, que também foi referendada nas assembleias.
Desarmar as pautas-bombas da gestão
Os desimplantes forçados de trabalhadores offshore que a Petrobrás vem praticando, de forma arbitrária e sem qualquer explicação aos sindicatos, foram veementemente repudiados pelas representações sindicais. O tema, que já havia sido tratado em reunião ontem (10/11) com executivos do E&P, foi novamente abordado na retomada da negociação coletiva do ACT. A FUP tornou a cobrar a imediata suspensão dessa medida injusta e agressiva, tratada pelas direções sindicais como mais uma pauta-bomba que a atual gestão da Petrobrás traz para a campanha reivindicatória, o que soa como uma tentativa de esvaziamento da mesa de negociação.
As lideranças sindicais lembraram que uma das reivindicações da pauta da categoria é o fortalecimento da negociação coletiva e a blindagem do ACT contra mudanças unilaterais de procedimentos que afetem a vida dos trabalhadores. Além do desimplante forçado, a Petrobrás anunciou recentemente alterações na jornada de trabalho dos médicos e dentistas e um PDV sem negociação prévia com os sindicatos. Na reunião desta terça, a FUP questionou essas medidas arbitrárias e enfatizou as reivindicações da categoria por recomposição dos efetivos e redução da jornada de trabalho sem redução de salário.
Renovar os concursos válidos e zerar os cadastros de reserva
Em resposta aos questionamentos da FUP sobre o PDV que os trabalhadores tomaram conhecimento pela mídia, a Petrobrás fez uma apresentação do programa, informando que há cerca de 1.100 empregados aposentados elegíveis, sendo a maioria deles de áreas operacionais. As janelas de desligamentos apresentadas pela empresa são de março a dezembro de 2026.
A FUP criticou duramente a formulação de um PDV sem negociação prévia com os sindicatos e em um cenário de redução de efetivos, com graves consequências para os trabalhadores, como acúmulo de horas extras, transferências compulsórias que ainda não foram resolvidas, adoecimentos e terceirização de atividades fim, via contratos O&M. Soma-se a isso, uma rotina de ocorrências de acidentes em várias unidades operacionais, o que aumenta o risco de uma grande tragédia anunciada.
As direções sindicais enfatizaram a urgência de renovação dos concursos públicos que ainda estão válidos e a convocação de todos os cadastros de reserva dos aprovados. O coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, entregou à Gerência de RH da Petrobrás o abaixo assinado eletrônico dos aprovados no concurso 2023.2, endossando a cobrança para que a empresa zere o cadastro de reserva e convoque novos concursos para que possa dar conta com segurança dos novos projetos, inclusive a liderança da transição energética justa.
Outra preocupação manifestada pelas representações sindicais foi com a transição geracional e a retenção de conhecimento. A maior parte do público alvo do PDV anunciado é de áreas operacionais, o que demanda um cuidado maior com a passagem de conhecimento para os novos empregados e, portanto, uma urgência na convocação dos concursados.
Foi também destacada a incoerência dos gestores da Petrobrás ao anunciarem um PDV, enquanto lançam editais de contratação de aposentados para o programa Refina Mentor, com o objetivo de treinar os trabalhadores das refinarias, sendo que muitos dos aposentados chamados estão desatualizados, pois estão fora da área operacional há muito tempo. Mais uma prova de que não há efetivos suficientes sequer para garantir que os trabalhadores mais experientes possam capacitar os novos concursados.
Jornada de trabalho dos médicos e dentistas
A FUP e seus sindicatos também criticaram as mudanças unilaterais que a Petrobrás vem implementando, ao ampliar a jornada de trabalho de médicos e odontologistas, uma medida que, além de ilegal, está sendo feita sem negociação com os sindicatos. Além disso, a alteração na jornada de trabalho está na contramão de todo o debate que está sendo feito no Congresso Nacional e na sociedade, e que está expresso também na pauta de reivindicações da categoria petroleira, que trata da redução da jornada sem redução de salário.
As direções sindicais reforçaram que esse tema também está diretamente ligado à necessidade de recomposição de efetivos e de primeirização das atividades de saúde ocupacional. Ficou evidente que, tanto o PDV, quanto as mudanças nas jornadas dos médicos e dentistas, são medidas de redução de custos. A Petrobrás informou que nenhuma mudança na jornada desses profissionais será realizada antes de janeiro de 2026 e propôs incluir esse tema na nova rodada de negociação do ACT que terá início na próxima semana. Confira abaixo o calendário.
Nova rodada de negociação começa dia 17
A comissão de negociação coletiva da FUP retomará na segunda-feira, 17, as reuniões temáticas do Acordo Coletivo de Trabalho para construir os avanços nos principais temas cobrados pela categoria. A diretora da FUP, Cibele Vieira, destaca que o objetivo dessa nova rodada de reuniões é focar nos principais pontos da pauta, buscando o afunilamento da negociação.
“A rodada anterior teve mesas com um grande número de participantes de cada lado para apresentarmos e explicarmos a nossa pauta. A ideia agora é termos reuniões menores, mais operacionais, de busca mesmo de caminhos e tentativa de construção de consensos entre trabalhadores e empresa nos diversos temas”, explica.
Agenda das reuniões
17/11 – Reuniões com o Sistema Petrobrás
13h – Relações Sindicais: regras para a realização de assembleias, liberações para atividades de representatividade coletiva, negociação coletiva x individual, regrar padrões que afetem cláusulas do ACT e vigência do Acordo
15h – Prestação de Serviços: fundo garantidor, modelo de contratação e fiscalização, pacto global
18/11 – Reuniões com o Sistema Petrobrás
09h – AMS: saldo devedor, retorno dos que perderam o plano, auditoria da AMS, fundo da AMS, auditoria externa
13h – E&P: logística de embarque, ação do DSR, revogação dos desimplantes
19/11 – Reunião em Brasília com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, para tratar dos equacionamentos da Petros e da Pauta pelo Brasil Soberano
24/11 – Reunião com o Sistema Petrobrás sobre os resultados da Pesquisa de Ambiência
25/11 – Reuniões com o Sistema Petrobrás
09h – Parada de Manutenção
14h – Frequência: saldo AF, banco de horas, jornadas (inclusive de médicos e dentistas) e HETT
26/11 – Reuniões com o Sistema Petrobrás
09h – Benefícios: educacionais, licenças, auxilio transporte e alimentação fora da jornada de trabalho
14h – SMS e Combate à Violência no Trabalho: fortalecimentos das CIPAs, recomposição de efetivos, combate ao assédio moral e sexual
27/11 – Reunião do Conselho Deliberativo da FUP para avaliação das reuniões e definições dos próximos passos.













