[ROSANGELA BUZANELI] Em reunião extraordinária nesta quinta-feira (11/11), o Conselho de Administração da Petrobrás aprovou a assinatura do contrato de venda da Superintendência de Industrialização do Xisto (SIX), localizada em São Mateus do Sul, no Paraná.
Votei contra a venda e o fiz por vários motivos, dos quais elencarei aqui apenas alguns deles.A SIX foi criada no início da década de 1970 com o desafio de desenvolver tecnologia para extrair óleo de “xisto”, nome comercial da rocha betuminosa cuja denominação geológica é folhelho. Na época, foi um desafio muito estratégico porque produzíamos pouquíssimo petróleo e vivíamos a primeira grande crise do setor.
De lá pra cá, além de lavrar e produzir óleo e gás de “xisto”, com tecnologia própria (Petrosix) e cobiçada por algumas empresas, a SIX também montou laboratórios de pesquisa e desenvolvimento da companhia. Passou a tratar as borras oleosas geradas no nosso parque de refino em geral e a produzir alguns derivados, em sinergia com a Repar. Atualmente, a Usina de Xisto conta com o maior parque tecnológico da América Latina.
Com capacidade de processamento de 5,8 mil toneladas/dia de xisto, a SIX produz óleo combustível, nafta, gás combustível, GLP e enxofre.
Mesmo com uma produção pequena e tendo, inegavelmente, problemas nos quesitos de emissões de gases de efeito estufa – o que certamente temos capacidade de equacionar -, a SIX trabalha integrada no sistema Petrobrás e é uma unidade lucrativa, com grande potencial de agregar valor na cadeia produtiva e que presta importantes serviços à companhia, beneficiando toda a região de São Mateus e o estado do Paraná.
Ficam as perguntas que não querem calar:
• Qual é a concorrência que se estabelece a partir da simples transferência de ativos e tecnologias desenvolvidas pela Petrobrás a terceiros?
• Quem ganha e quem perde com essas privatizações?