Os funcionários da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal conseguiram no início do governo Lula vencer a política de arrocho salarial que marcou o governo FHC.
O reajuste de 12,6% que será pago pelo BB e pela Caixa aos empregados é o maior dos últimos oito anos. Desde 1995 –quando o BB concedeu aumento de 25% e a Caixa, de 20,94%– os trabalhadores das duas instituições vinham perdendo feio para a inflação.
Entre os anos de 1996 e 1999, por exemplo, os funcionários da Caixa tiveram um reajuste total de 1% e os do BB não ganharam nada. Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que serve de base para os dissídios salariais) chegou a quase 30%.
Na mesma linha, a Petrobras –que ofereceu 15,5% de reajuste para os funcionários da ativa e aposentados– também vai dar o maior reajuste dos últimos oito anos aos empregados.
Em 1995, depois de realizarem uma greve de 30 dias que foi considerada abusiva e resultou na demissão de 59 petroleiros, a categoria recebeu um reajuste salarial de 29,8%. Desde então, os reajustes nunca superaram 9%.
Efeito Lula
O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antonio Carrara, admite que a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto facilitou as negociações.
Por ter a defesa do trabalhador como bandeira histórica e por haver colocado sindicalistas no comando de diversas estatais, o governo ficou em difícil situação para negar reajustes salariais aos trabalhadores.
“O nível das negociações mudou. A mentalidade dos dirigentes da Petrobras também. Encontramos ex-companheiros do movimento sindical do lado de lá”, disse Carrara, referindo-se ao atual presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, que já foi dirigente da CUT.
Fim do isolamento
Os funcionários do BB e da Caixa também estão satisfeitos com o resultado das negociações salariais no primeiro ano do governo Lula.
O presidente da CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários) da CUT, Vagner Freitas, disse que os bancários conseguiram quebrar o isolamento do governo de FHC.
Apesar dos atuais presidentes dos dois bancos –Jorge Mattoso pela Caixa e Cássio Casseb pelo BB– não pertencerem ao movimento sindical, diversos diretores e conselheiros das instituições iniciaram-se na vida política através do sindicalismo.
“Não tivemos o melhor reajuste, mas o aumento negociado sinaliza o começo de novos tempos. Indica que teremos condições para negociar reajustes melhores nos próximos anos”, disse Freitas.
Segundo ele, é a primeira vez que o BB e a Caixa aceitam pagar um reajuste igual ao oferecido pelos bancos privados.
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