Com quase 90% dos votos, petroleiros de SJC aprovam retorno à FUP e abrem caminho para a reunificação da categoria

 

Da Imprensa da FUP – Terminaram nesta quinta-feira, 04, as assembleias convocadas pelo Sindipetro São José dos Campos para que os trabalhadores e as trabalhadoras da região deliberassem sobre o indicativo de desfiliação da FNP e filiação à Federação Única dos Petroleiros e à CUT. Foram duas semanas de debates, com participação massiva da categoria. O resultado final consolidou a vontade soberana da base: 88% dos 1.133 petroleiros filiados aprovaram o retorno do sindicato à FUP.

A decisão histórica dos trabalhadores de São José dos Campos pavimenta o caminho para a reunificação da organização sindical petroleira. Essa luta se fortaleceu nos últimos anos, com as diversas atividades e mobilizações unitárias que a FUP e a FNP vêm realizando desde 2016. Não por acaso, um dos eixos centrais da 12ª Plenafup, realizada entre 04 e 07 de agosto, em Pernambuco, foi a reconstrução da unidade nacional da categoria. A plenária contou com a participação de representantes dos Sindipetros São José dos Campos, Alagoas/Sergipe e Litoral Paulista, que aceitaram o convite que a FUP enviou para todos os sindicatos da FNP.

Entre as principais deliberações aprovadas na Plenafup estão a realização no ano que vem de um congresso unitário da FUP e da FNP para debater a conjuntura de 2026, a transição energética justa e outras pautas da categoria, bem como a continuidade da busca por formas e caminhos para a fusão entre as duas federações e campanhas unitárias.

“É uma alegria imensa nós termos o Sindipetro São José dos Campos de volta à FUP. Recebemos com muito orgulho e respeito os petroleiros e petroleiras desse sindicato que tem sido tão importante nas lutas da nossa categoria, na reconstrução da unidade nacional e que agora vai contribuir muito com as decisões da nossa federação. Juntos, vamos buscar um Acordo Coletivo forte, a solução definitiva dos PEDs, a defesa da nossa soberania e da democracia e o fortalecimento do Sistema Petrobrás”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Ele ressalta que a unidade se constrói em meio à diversidade. “Essa pluralidade de ideias, de pensamentos, de posicionamentos é importante, inclusive, para termos decisões e construções coletivas mais robustas. Sempre foi assim na FUP, onde prezamos pela construção do consenso nos processos decisórios, seja na diretoria Executiva ou no Conselho Deliberativo, que tem as representações de todos os nossos sindicatos”, explica, afirmando que continuará perseguindo o sonho de concluir em 2026 o seu segundo mandato na Coordenação da FUP, com a categoria unida em uma única federação.

O Sindipetro de São José dos Campos representa os trabalhadores e as trabalhadoras da Refinaria Henrique Lage (Revap) e da NTS em Taubaté. Com o retorno do Sindipetro SJC, a FUP passará a ter um total de 14 sindicatos filiados.

Leia o editorial da FUP

O resultado expressivo das assembleias de São José dos Campos é a constatação inequívoca de que os petroleiros e petroleiras não aceitam mais o sectarismo imposto pela corrente política do PSTU na FNP, cujo discurso de construção da unidade não se sustenta na prática. Tem sido assim em todas as campanhas reivindicatórias: chamam a FUP para a mesa única, mas nos atacam sistematicamente e por isso não aceitam o pacto de comunicação unitária consensual que propomos desde 2022. Acesse aqui o teor do documento.

O debate franco e democrático que foi feito nas assembleias de São José dos Campos sobre a necessária unidade da categoria e a luta pela reunificação das federações trouxe à tona o cerne dessa questão: os companheiros e companheiras do PSTU têm medo da unidade, pois sabem que irão se diluir nacionalmente e acreditam que ficando de fora teriam mais força para atacar a FUP e influenciar na organização sindical petroleira.

Atacar para dividir sempre foi a tática do PSTU e novamente é explicitada pelo Sindipetro RJ na edição de 4 páginas de um boletim inteiramente dedicado a atacar a FUP e os sindicatos da FNP que aceitaram o convite para participar da 12ª Plenafup. Acusam a FUP de ser subordinada aos governos e aos patrões, colocando em xeque a autonomia da nossa organização, que convocou e conduziu greves históricas e alguns dos maiores enfrentamentos da classe trabalhadora nos governos do PT.

Confira o levantamento do Dieese:

A FUP respeita a diversidade de opiniões políticas, que é a base da sua fundação, e sempre se posicionou em defesa da democracia e da soberania nacional, construindo propostas e lutando pelos interesses coletivos da classe trabalhadora e, sobretudo, da categoria petroleira. A ocupação de espaços de poder, onde esses interesses estão em disputa, é cada vez mais estratégico paras as lutas da classe trabalhadora organizada. E não há contradição nisso, pois somos uma federação que nasceu das bases, com autonomia e independência em relação aos partidos, aos governos e aos patrões.

A categoria petroleira conhece muito bem o jogo do PSTU e não quer mais fazer parte dele, pois entende que o verdadeiro inimigo é a extrema direita e o fascismo, cujo projeto de entrega do Sistema Petrobrás e de aniquilamento dos direitos trabalhistas e sociais ainda reverbera na vida de cada um de nós. O resultado acachapante das assembleias que aprovou o retorno do Sindipetro SJC à FUP não deixa dúvidas em relação a isso.

Em uma das assembleias, ouvimos o depoimento de uma antiga trabalhadora da Rlam, que foi transferida para a Revap, após a privatização da refinaria baiana. Ela fez um relato emocionante sobre as lutas que participou, tendo a FUP à frente, tanto no período de resistência e de enfrentamento aos governos Temer e Bolsonaro, quanto nos governos petistas, quando travamos lutas históricas em defesa do Sistema Petrobrás e da soberania nacional. Como bem afirmou essa companheira, a política influencia diretamente na vida de cada trabalhadora e de cada trabalhador. É por isso que não podemos terceirizar nossas pautas e continuaremos, sim, nos posicionando politicamente, sem jamais abrir mão da autonomia e da independência sindical.

Sigamos avante, rumo à unidade nacional. Petroleiros e petroleiras, luta e resistência!

[Fotos: Sindipetro SJC]