Aberto ontem o prazo de inscrições para a eleição de representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Transpetro, com mandato de um ano. O processo está sendo questionado pelas entidades sindicais, que criticam o aumento das restrições à possibilidade de que empregados sejam candidatos.
“O edital foi montado pela empresa, com exigências que são até mesmo maiores do que a legislação, para impedir que o trabalhador do chão de fábrica participe. O que estamos vendo é uma eleição feita sob medida para manter apenas pessoas afinadas com a gestão no Conselho”, afirma Cláudio Nunes, diretor do Sindipetro-NF.
No último dia 9, na reunião que aprovou, sempre por margem apertada e com votos contrários dos trabalhadores (por seis votos a cinco), os ítens que compõem o edital, o representante da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Leandro Baesso, fez críticas às barreiras criadas para dificultar candidaturas e cobrou a realização de um levantamento do percentual de empregados teriam condições de elegibilidade, o que foi negado.
Entre as restrições, estão a de que empregados que não tenham títulos acadêmicos, não tenham ocupado cargos de chefia ou de gestão, não sejam docentes ou pesquisadores, tenham que ter ao menos dez anos de vínculo com a empresa para serem candidatos — para os demais que atendem às condições citadas, o tempo de vínculo exigido é de quatro anos. Também não podem ser candidatos os detentores de cargos de direção sindical.
“A empresa aproveitou o momento de golpe do país para dificultar o acesso do peão ao Conselho “, critica Nunes, destacando ainda que faz muita falta uma voz no CA que de fato represente os trabalhadores.
“Na Petrobrás, por exemplo, nos momentos em que tivemos representantes afinados com as nossas lutas, conseguimos antecipar vários cenários, interferir nos debates e dar mais transparência às decisões, o que não conseguimos em momento nenhum até hoje na Transpetro”, afirma o diretor do NF.
Por isso, mesmo com todas as restrições, explica o sindicalista, o movimento sindical busca candidaturas que atendam aos critérios do edital e, ao mesmo tempo, aos interesses dos trabalhadores.
Para Cláudio Nunes, o direito a uma vaga no Conselho de Administração é uma conquista histórica e não pode ser abandonada, mesmo com todas as dificuldades. “Os verdadeiros trabalhadores têm que participar, temos que encontrar aqueles que têm afinidade com as nossas lutas e temos que votar, não podemos nos omitir, pois a omissão seria justamente o que a empresa quer”, afirma.
De acordo com o edital, as inscrições seguem até o próximo dia 17. A previsão de votação em primeiro turno é para o prazo de 8 a 16 de março. Se necessário, o segundo turno acontecerá de 25 de março a 2 de abril.