Comerciantes se unem à campanha Petrobras Fica na Bacia de Campos

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O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense ganhou um apoio público de peso para a campanha Petrobras Fica na Bacia de Campos. Na quarta-feira (4), o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Leonardo Castro Abreu, foi o convidado da live do sindicato e reforçou o engajamento para o retorno dos investimentos da Petrobras nas cidades do Norte Fluminense. “Nossa região está se tornando pobre e precisamos encontrar um novo caminho”, afirmou Abreu.

Proprietário de empresas na área da alimentação, Abreu foi petroleiro até 2005, quando saiu para empreender no setor privado. Na sua avaliação, os comerciantes da região vêm sofrendo com a redução dos royalties nos municípios produtores de petróleo, resultado da menor produção da empresa.

“Estamos na luta, pensando em como sair desse emaranhado que nos colocaram. Mas a saída existe, todos os problemas são resolvíveis”, afirmou.

 

Esvaziamento econômico

Abreu chegou a fechar recentemente uma loja que tinha em Macaé, em um prédio onde havia funcionários e prestadores de serviços da empresa. Com a redução do investimento da Petrobras, o movimento caiu e o negócio ficou insustentável. A loja foi transferida para um shopping.

Com a pandemia da Covid-19, a loja foi temporariamente fechada. Após as novas regras de flexibilização, no entanto, a administração do shopping decidiu fechar as portas do centro comercial.

“As incertezas da nossa região são muito grandes. A circulação de venda e compra caiu muito e a arrecadação dos municípios também”, disse.

Às vésperas das eleições para prefeito e vereador, o presidente da Acic espera que os novos governantes se conscientizem do problema do esvaziamento econômico na região, uma vez que, além da menor arrecadação municipal de impostos sobre o petróleo, o desemprego continuará a atingir a região. Na sua avaliação, Executivo e Legislativo têm que estar de braços dados com a população e os empresários, independentemente de quem estiver no poder a partir de janeiro de 2021.

“Com a Petrobras vendendo seus poços, a empresa privada não vai ter a mesma capacidade de empregabilidade”, disse. Isto porque uma empresa mira resultados no menor tempo possível, assumindo menos riscos e custos menores com mão de obra. “A demissão vultosa que está para acontecer na Petrobras vai comprometer o mercado”, concluiu.

Importância da Petrobras para o desenvolvimento

Na sexta-feira, o economista Ranulfo Vidigal, mestre em políticas públicas, estratégia e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ, falou sobre a importância da Petrobras para o desenvolvimento local. “O poder público faz o efeito multiplicador da renda nas cidades. A Petrobras teve política específica de capacitação de seus fornecedores. Se isso fosse mantido, seria um instrumento de retomada da atividade produtiva”, afirmou.

Para o economista, as prefeituras deveriam seguir também capacitar fornecedores e assegurar um maior dinamismo da atividade.  “A Petrobras é fundamental para o desenvolvimento brasileiro, principalmente nas cadeias produtivas. É uma empresa que pode gerar renda, emprego e impostos e é muito importante para o Norte Fluminense, considerando que é uma das maiores petroleiras do mundo”, reforçou.

A renda do petróleo, avalia Vidigal, é crucial para o desenvolvimento de qualquer país. “Se o mundo é nacionalista e se a prioridade é emprego, não somos nós que, de forma ingênua, vamos entregar nossas reservas achando que o capital privado vai ter responsabilidade com o desenvolvimento. Tem que ser uma empresa com a características da Petrobras”, disse.

Necessidade do investimento público

De acordo com Ranulfo Vidigal, o Estado é complementar ao setor privado, através de adiantamento de capital para impulsionando o investimento privado. “O desenvolvimento via setor privado só virá com grandes vantagens. Com a falta do investimento público, o investimento privado não chega e o Brasil não cresce”, explicou Vidigal, para quem é preciso romper com a falsa dicotomia de que o Estado tem que sair para o setor privado entrar.

“Em Campos, 182 mil pessoas estão inscritas no auxílio-emergencial. E é uma cidade que tem 120 mil pessoas com trabalho formal. A volta do investimento público é uma questão de sobrevivência”, afirmou.

Segundo o economista, a campanha Petrobras Fica! é muito importante para conscientizar as pessoas sobre o problema do desinvestimento da empresa e de seus efeitos negativos sobre a renda e o emprego. Ao comentar sobre a operação Lava Jato, Vidigal disse ser necessário recuperar a imagem da Petrobras e a sua política de investimento. A operação afetou de forma contundente o setor da construção pesada nacional.

“Uma coisa é ilegalidade, que precisa ser combatida. Outra é detonar um setor que tinha muita gente trabalhando e que foi perdido. Daqui a 50 anos, vai ter esse capítulo não nacionalista na nossa história. Temos que entender a Lava Jato não só como uma questão jurídica, mas como geopolítica, ligada ao petróleo”.

Confira nossa programação

Assista nossas lives sobre a saída da Petrobras da Bacia de Campos no canal do Sindipetro NF no YouTube

Nesta semana, teremos lives sempre às 18h, com os seguintes convidados:

• 9 de novembro, segunda-feira: Luiz Pinguelli Rosa, diretor de Relações Institucionais da Coppe/UFRJ e ex-presidente da Eletrobrás;

• 10 de novembro, terça-feira: Norberto Rodrigues, advogado da FUP e Sindipetro NF;

• 11 de novembro, quarta-feira: Roberto Moraes, professor e engenheiro;

• 12 de novembro, quinta-feira: Elaine Leão, presidente do Sindicato dos Profissionais Servidores Públicos Municipais de Campos (Siprosep).