Como a FUP avisou, o feirão de Parente não se sustenta

FUP – Em todo o mundo se comenta o fato de o Brent (petróleo cru) ter atingido 70 dólares pela primeira vez em três anos, a diferença aqui no Brasil é que a nossa petroleira estatal apostou na contramão e insiste em implantar um gigantesco plano de privatização que inclui se desfazer de receita futura em petróleo.

A FUP e seu Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas – GEEP alertou a respeito da irracionalidade do “plano de desinvestimentos” da Petrobrás não apenas porque abre mão da presença da empresa em setores importantes da cadeia de petróleo, mas também por ser uma estratégia financeiramente equivocada. Isso porque a empresa vendia ativos com o preço do petróleo relativamente baixo, ou seja, o simples aumento do preço do petróleo que vinha ocorrendo ao longo desse ano valorizaria os ativos da empresa, uma vez que significariam maior receita futura.

Na análise que fez do balanço do segundo trimestre da Petrobrás, por exemplo, o GEEP em matéria escrita para CartaCapital chamou atenção para algo que passou despercebido nas matérias sobre a divulgação dos resultados da empresa: “Na quinta-feira 11, a Petrobras divulgou os resultados financeiros e operacionais do segundo trimestre de 2017. Embora os principais analistas tenham destacado a redução do lucro líquido motivada pelos itens extraordinários, principalmente os gastos tributários oriundos do Programa de Regularização Tributária, poucos têm observado a evolução dos resultados operacionais.” registrou o GEEP. No mesmo texto, o grupo cita o crescente preço internacional do barril de petróleo: “Desse modo, a venda de ativos, principalmente da sua principal área de negócio, a exploração e produção (E&P), não parecem fazer sentido do ponto de vista operacional e, menos ainda, do financeiro. Recentemente foram colocados à venda 30 áreas produtoras que respondem por cerca de 70 mil barris de petróleo/dia. A se considerar o atual preço do barril (50 dólares), significa que a Petrobras está disposta a abrir mão de uma receita diária de 3,5 milhões de dólares”.

Estes 3,5 milhões de dólares que representavam uma renúncia diária de receita bruta em agosto de 2017, agora significam quase 5 milhões de dólares ao dia, no novo cenário do barril a 70 dólares.

Em dezembro, por sua vez, a Petrobrás vendeu, efetivamente, 25% do Campo de Roncador para a Statoil, ou seja, cerca de 40 mil barris ao dia. No cenário de agosto, isso significava uma perda de receita anual de mais de US$ 730 milhões e, agora, isso já representa mais de 1 bilhão de dólares.

A vontade de privatizar a empresa é tão forte que a gestão Parente coloca a Petrobrás na contramão da maioria das petrolíferas mundiais desconsiderando o cenário geopolítico e setorial. A recuperação do preço do petróleo, num cenário de grandes descobertas, seriam fatores para impulsionar os investimentos da empresa. Entretanto, na ânsia de responder rapidamente aos atores responsáveis pelo golpe de estado no Brasil, Parente executa o seu feirão desconsiderando todos esses aspectos mesmo que sejam de interesse da Petrobrás, do povo e dos trabalhadores brasileiros.