Condenação de Cláudio Guerra: Justiça ainda que tardia

Yuri Costa Moraes da Silva*

A condenação de Cláudio Guerra, ex delegado do DOPS e responsável pela incineração de 12 corpos de militantes contrários à ditadura, nos fornos da Usina de Cambahyba, situada quase na divisa de Campos (RJ) com São João da Barra (RJ), é um afago aos corações e mentes que sabem o que foram os 21 anos de ditadura empresarial militar que o Brasil viveu.

Um afago, mesmo que contraditório, já que o assassino agora condenado, tem idade avançada e não será preso, bem como os seus superiores, sobretudo das Forças Armadas, que também passarão incólumes à justiça, não sendo condenados pelos perversos crimes cometidos.

Porém, mesmo que tardiamente, é necessário vermos Justiça sendo feita. Se não para puni-los, que sirva ao menos para a nossa geração que, infeliz e ignorantemente, ainda nega as sevícias praticadas pela ditadura empresarial militar.

O golpe de 1964, orquestrado pelos militares, teve seu apoio e financiamento proveniente de grupos empresariais milionários que, com o poder concentrado nas FA, acabaram tornando-se ainda mais poderosos econômica e politicamente, fazendo seu poder perdurar até hoje.

Basta-nos ver os sobrenomes daquela época e olhar os sobrenomes que estiveram compondo do Governo Federal nos últimos seis anos (Temer e “Inominável”). Continuam com a sanha perversa pelo poder, contudo, bradaremos sempre pela democracia e comemoraremos quaisquer vitórias sobre esses algozes.

E essas terras que outrora serviram à violência, encontram-se ocupadas pelo MST, para mostrar que dessa violência produziremos vida, que dessa impunidade criaremos esperança. Lembremos que essas terras viram Cícero Guedes, militante da reforma agrária, ser assassinado e seu assassino absolvido por júri popular. Em ambos os crimes, nenhum dos mandantes foram punidos.

Temos ainda muita luta pela frente, mas com a vontade de ver e fazer justiça renovadas.
Para que nunca se esqueça! Para que NUNCA MAIS ACONTEÇA!

* Cientista Social, licenciado em Sociologia pela UFF. Especialista em Planejamento Participativo e Gestão Associada – FLACSO Argentina. Mestre em Desenvolvimento Regional e Políticas Públicas pela UFF.