A diretoria do Sindipetro-NF esteve reunida com a gerência da Bacia de Campos, na última segunda-feira (11), para tratar de uma série de problemas enfrentados por técnicos de segurança, na maior parte dos casos decorrentes da falta de efetivo nas plataformas. Entre as cobranças estiveram a utilização do sobreaviso para realizar, na verdade, horários deslocados, numa espécie de turno disfarçado.
Também foram tratados problemas como a falta de condições de sono e descanso destes profissionais, em seus camarotes, em razão da saída e chegada de colegas em horários alternados, a falta de passagem de serviço, a realização no turno da noite de trabalhos que são mais seguros e típicos de realização no período diurno, entre outros temas.
O Sindipetro-NF foi representado na reunião pelo coordenador geral, Sérgio Borges, e pelos diretores Alexandre Vieira, Guilherme Cordeiro e Hilton Gomes. Confira abaixo os relatos feitos pelo diretor Vieira sobre os pontos tratados.
Sobreaviso
“No nosso entendimento, a lei é bem clara. Você fica à disposição 24 horas para atender os trabalhos normais ou necessidades ocasionais. Só que qual é o primeiro ponto que está sendo feito em várias unidades? Eles estão deslocando o regime de sobreaviso. Para uma parte do segurança começa às 6h, outra começa às 7h, outra começa às 9h. Então, na verdade, isso torna basicamente um turno disfarçado. Transformam em rotina. O que a gente entende é isso: se você pega o sobreaviso, desloca ele para cobrir um horário maior, rotineiramente, isso não é mais sobreaviso. Você está precisando do turno. A verdade é que isso aí é basicamente um turno disfarçado para tentar burlar a lei. É um jeitinho para pagar menos”, relata o diretor sindical.
Descanso prejudicado
Vieira também registra que, na reunião, a entidade apontou os impactos no descanso dos trabalhadores: “O pessoal da técnica de segurança fica todo mundo no mesmo camarote. Então, a partir do momento que o cara ali, que vai pegar às 6h, vai acordar às 5h, o cara de 9h já perdeu o sono, já não vai descansar mais direito. Então, assim, é uma questão muito ruim, inclusive, do descanso a bordo, da convivência a bordo. É muito ruim isso que a empresa está fazendo, até mesmo para atrapalhar o descanso dos trabalhadores.”
Faltam técnicos
Outro problema é o da falta de pessoal. “A NR [Norma Regulamentadora] preconiza que o único jeito de você poder colocar outras pessoas e não ter necessidade de substituir, é quando você tem férias, você tem curso, que aí tem a figura do cobre-férias, do cobre-folga. Só que o SMS falou que a tendência é pior e a UNBC falou que está aguardando as unidades desmobilizarem para poder ter segurança do trabalho. Então, assumiram que está precário, que está insuficiente o efetivo e isso precisa ser revisto, não dá para o SMS, que deveria ser o exemplo de cuidado com as pessoas, de não fazer hora extra, de balancear os efetivos, ser o exemplo ruim de estar fazendo hora extra toda hora, as pessoas não conseguem folgar direito”, afirma o sindicalista.
Emissão de PT
“A outra questão que a gente colocou, que algumas vezes dentro desse horário, eles estavam colocando esse último técnico que está largando às 21 horas, ele liberando a PT [Permissão de Trabalho] e largando o serviço. A gente entende que se a PT precisa da assistência do técnico de segurança, ela é uma PT que precisa dele ali. Não pode o técnico de segurança do trabalho liberar uma PT, e embora a Petrobras tenha falado que ele é um assessor, não é assim. Você tem ali a sua responsabilidade, o profissional tem que ter autonomia de dizer: esse trabalho aqui eu vou continuar aqui, vou acompanhar, entendo a necessidade de olhar, não pode ser assim como a Petrobrás está falando”, adiciona.
Passagem de serviço
O pessoal das UMS, em algumas unidades, estão fazendo um turno à metadinha. Como é que é o turno para todos os outros postos que fazem turno? As equipes do dia são diferentes das equipes da noite. Normalmente as equipes da noite são reduzidas. Por quê? Porque durante o dia é a maior carga de serviço, onde tem sol, onde é melhor que as pessoas trabalharem. À noite você faz o serviço mais simples, menos complexos, ou aquele emergencial que não pode parar. Essa é a lógica que se usa rotineiramente no turno. E aí você pega a operação, você pega a manutenção, você pega a hotelaria, você pega a movimentação de cargas, todo mundo tem uma equipe de dia e uma equipe da noite, essas equipes são diferentes. Aí o segurança eles pegam somente um único segurança, ainda falaram que não estão fazendo passagem de serviço, tem serviço rolando 24 horas e não está fazendo passagem de serviço. É o básico que a gente aprende dentro dos cursos. O grande acidente da indústria do petróleo, que é a Piper Alfa, foi um problema na passagem de serviço mal feita. A área de SMS não vai fazer a passagem de serviço num serviço noturno. Para quê? Para que só dois trabalhadores ganhem o turno?”, questiona.
O Sindipetro-NF avalia que as questões que envolvem os técnicos de segurança são essenciais não apenas para os próprios trabalhadores, mas também para toda a categoria, por impactar na prevenção de acidentes e de mortes. “Não podemos tratar esses temas como uma simples questão de custo. Não vamos economizar aí. Eu já estou imaginando aqui a pouco ter um acidente porque não teve a passagem de serviço. Parece que eles dão os cursos, mas não praticam o que colocam nos curtos que eles dão”, desabafa Vieira.
O sindicato manterá o diálogo com a empresa em busca de soluções e solicita à categoria que se mantenha atenta e informando à entidade as suas condições de segurança e habitabilidade, pelo e-mail [email protected] ou pelos contatos dos diretores e diretoras disponíveis nesta área do site.