A aliança entre o movimento sem terra e os petroleiros foi a tônica da maioria dos discursos de abertura do Congrenf 2013, que teve início na noite desta quarta, no teatro do Sindipetro-NF em Macaé.
A primeira a falar foi a representante da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marina Santos. “É com grande alegria que estou aqui representando a direção do MST. Temos uma grande irmandade como os petroleiros, em especial no Norte Fluminense. Posso dizer que o sindicato foi parteiro do movimento na região, sempre presente em diversos momentos, caminhando de mãos dadas em momento de vitória, ma também em algumas derrotas” – disse, lembrando em especial o assassinato do companheiro Cícero, no início do ano e da ocupação da Usina Cambaíba.
Essa ocupação tem um grande simbolismo por ali ter sido um local onde foram incinerados corpos de militantes de esquerda durante a ditadura militar.
Marina afirmou que estamos vivendo um momento no qual a união entre petroleiros e sem terra se faz de grande importância, quando os leilões de petróleo estão colocados em nossa conjuntura. “Temos que impedir que os leilões aconteçam. Assim como a terra é um bem natural que deve estar a serviço da humanidade, o petróleo também é. Por isso temos como desafio impedir que o setor seja privatizado” – colocou Marina.
A Coordenadora Geral da Conferação Nacional do Ramo Químico (CNQ), Lucineide Varjão, reafirmou a importância do Sindipetro-NF e da FUP participarem da CNQ e de estarem juntos construindo uma política para o ramo nos próximos anos. Aproveitou o momento para convidar a categoria a participar do Congresso da Confederação que acontecerá em julho desse ano.
Em seguida, o representante da CTB, Ronaldo Leite, chamou a categoria a refletir sobre sua importância nas ações sindicais do segundo semestre. “Os petroleiros são uma das categorias que dão o tom das lutas. Estamos vivendo uma conjuntura da crise capitalista que tem seu foco na Europa, onde os direitos dos trabalhadores estão sendo arrancados. A hora é de uma grande ofensiva de unidade entre os movimentos sociais e centrais sindicais. A sétima marcha realizada em Brasília em março desse ano foi uma demonstração da nossa unidade” – disse.
Essa unidade foi reafirmada pelo presidente da CUR-RJ, Darby Igaiara. Para Darby, o movimento sindical tem que pressioanr mais a presidente Dilma a dar passos em direção aos movimentos sociais e abrir ainda mais o diálogo. “Além de pressionar a Dilma temos que fazer nossas pautas andarem principalmente no Congresso, onde o capital ainda domina”.
Moraes parabenizou pela escolha do tema do Congrenf: “A crise e os desafios dos trabalhadores na indústria do petróleo”. “Esse tema é muito bom para nortear nossos grandes debates que estão em pauta” – declarou. Se disse orgulhoso com a aliança do MST e da Via Campesina com os petroleiros, porque dá uma visão de pertencimento de classe, de onde viemos e para onde vamos. Aos congressistas Moraes falou da importância da ampliação da prática da quinta turma para todas as empresas.
“Temos que transformar nosso Acordo em Convenção Coletiva para o Setor Petróleo, ampliando o direito para todos. A revisão da Lei 5811 é um debate que precisa ser travado, porque direito que vira privilégio qualquer um destrói” – aconselhou Moraes que terminou seu discurso falando da necessidade de construção de um ato de resistência contra os leilões.
O Coordenador do Sindipetro-NF disse estar se sentindo vitorioso ao ver o teatro do NF cheio para discutir uma pauta desafiadora do Congrenf. Sobre os leilões Zé Maria levou os trabalhadores a pensar porque ainda não conseguimos mobilizar a sociedade para fazer um grande levante contra os leilões, já que o petróleo é uma riqueza do povo brasileiro que estão entregando.
Comentou que a empresa está sofrendo ataques com a implantação de Programas de Desinvestimento e de Recuperação da Eficiência Operacional da Bacia de Campos. Sobre o PROEFI, Ze Maria afirmou que disse diretamente à presidente da Petrobrás que os gerentes que criaram esse programa deveriam ser demitidos, porque decretam o fim da política de saúde e segurança da Companhia.
A terceirização que será um dos temas do Congresso foi lembrada por Rangel como um câncer na sociedade, que precariza as relações de trabalho. “Nós temos que pressionar a Dilma pelo regramento da terceirização tendo como base o projeto do Deputado Vicentinho” – colocou. Zé concluiu sua fala ressaltando a importância de aprender com o MST como nor organizarmos, criarmos estratégias e buscar disposição para a luta.
Ao final dos discursos foi apresentada uma Mística do MST e um vídeo sobre a ocupação da fazenda Cambaíba.