Os “Aspectos Centrais para a Negociação coletiva da Petrobras” foi tema da primeira palestra do último dia de Congrenf com Gustavo Teixeira, Mestre em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e economista da subseção da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) do DIEESE e Rodrigo Leão, Mestre em Desenvolvimento Econômico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Economista da Subseção do Sindipetro-NF do DIEESE.
De acordo com o economista Gustavo Teixeira, no primeiro semestre do ano passado a inflação esteve alta e o comportamento do INPC foi acima do IPCA, influenciado pela inflação e pelo reajuste do salário mínimo. Em 2013, O Dieese acompanhou 671 negociações salariais, sendo que delas, 87% tiveram ganho real acima da inflação. “Há uma tendência nos ultimos cinco anos de crescimento do percentual de ganho real. A média do ganho real no primeiro semestre do ano passado foi de 1,25% e no segundo semestre foi de 1,52%” – afirmou Teixeira.
Rodrigo Leão lembrou de alguns elementos da conjuntura nacional que podem ajudar nas negociações esse ano, entre eles o cenário econômico que está melhor, a queda no consumo de combustíveis e o câmbio que ficou mais estável. Em relação à Petrobrás, foram implantados alguns programas que ajudaram na redução de custos da empresa como o PIDV, PROCOP e PROEF, além disso, há uma expectativa da ampliação do aumento de produção por conta da entrada de novas unidades.
Como desafios para 2014, o técnico Leão alerta para a crescente dificuldade de financiamento que a empresa tem tido, quando há problemas de fluxo de caixa e as eleições desse ano que trazem incertezas econômicas.
Para os técnicos, nunca a Petrobras e a Eletrobras foram tão questionadas quanto agora, as duas estão na pauta do dia da eleição. “No caso da Petrobras, a categoria acompanha tudo que está acontecendo. É Passadena, contrato com a SBM…Por trás dissso tudo, que tem que ser apurado, é preciso compreender que a Petrobras está em disputa e precisamos destacar alguns elementos que fazem entender esse processo. Primeiro, no final de 2012 a Petrobras reduziu os dividendos dos acionistas, e em segundo está a questão de segurar o preço dos combustíveis” – explicou Leão.
Leão ressalta que, o mercado que estava satisfeito porque a Companhia dava lucro e abriu o capital para esse setor, passou a ver problemas com a redução dos dividendos. Que trouxe insatisfação e o mercado decidiu disputar a Petrobras.
“Por outro lado tem a disputa da categoria petroleira com o governo, que é a discussão sobre a terceirização, dos afretados, da segurança, reduzir custos, que a Petrobrás está tentando produzir a qualquer custo, quer aumentar o lucro para atender o mercado. Para além da negociação essa é a hora para pensar a questão política e o papel da Petrobras. Como vocês entram nessa disputa, qual o rumo que a empresa deve tomar. Uma disputa de modelo e de país!” – sugere o economista.