O coordenador geral do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, disse hoje, em comunicado veiculado pela Rádio NF, que a categoria petroleira pode entrar em greve a qualquer momento e ficará sob o comando da Federação Única dos Petroleiros.
O sindicalista explicou que os trabalhadores aprovaram, nas assembléias realizadas de 4 a 10 de novembro, a realização de greve por tempo indeterminado a ser deflagrada a qualquer momento a partir do dia 16 de novembro, não necessariamente iniciando neste dia.
Um histórico das negociações foi feito pelo coordenador do sindicato, que lembrou que a empresa teve um prazo, até 10 de novembro, para apresentar uma contraproposta que atendesse aos trabalhadores. Após uma longa reunião de negociação, a companhia apresentou apenas propostas para cláusulas econômicas. A FUP, então, concedeu novo prazo, até a segunda, 14, para que cláusulas sociais e de segurança fossem propostas. A empresa apresentou algumas cláusulas nestas áreas mas, ainda assim, insuficientes.
José Maria orientou os trabalhadores a “não caírem na falácia” de que esta segunda contraproposta da empresa seria a “final”, como a companhia afirma. Para ele, os petroleiros devem rejeitá-la e seguir mobilizados em busca do atendimento das suas reivindicações.
Para exemplificar o modo como a Petrobrás não atende às reivindicações da categoria, Rangel citou alguns pontos não contemplados pela contraproposta. Entre eles estão a participação negociada dos dirigentes sindicais nas reuniões das Cipas offshore; o PCAC, a retirada das punições de greve; o extraturno (dobradinha); e o pagamento igualitário de horas extras a 100% em todo o sistema Petrobrás, no turno e administrativo.
O sindicalista, no entanto, destacou que há uma particularidade do Norte Fluminense: o embarque de equipes de contingência nas plataformas, para impedir a parada e o controle da produção.
“Só remeteremos o indicativo para votação em assembléias após o desembarque dos pelegos. Se a empresa não se posicionar sobre isso, ela nos dará o direito de recusarmos a proposta diretamente, enquanto dirigentes sindicais”, afirmou.
José Maria voltou a solicitar que os trabalhadores enviem para o sindicato a relação de todos os “pelegos” embarcados ou em áreas operacionais, como em Cabiúnas. A entidade quer caracterizar ao máximo a utilização deste artifício pela companhia, para que esta prática antissindical seja denunciada no Ministério Público do Trabalho.
O MPT também acompanha, de acordo com o coordenador do NF, a resistência da Petrobrás em estabelecer um acordo de produção mínima que atenda às necessidades básicas da população, durante uma greve. A FUP propôs a produção de 50% de óleo e 50% de gás, mas a companhia, que só compareceu a uma das duas reuniões como o MPT, nos últimos dias 9 e 11, afirmou que o acordo não era necessário, uma vez que o conflito, segundo a empresa, não teria sido ainda estabelecido.
“Se o conflito não foi estabelecido, se não estamos diante de um impasse, por que a companhia embarcou as suas equipes de contingência?”, questionou José Maria.
O coordenador do NF encerrou o seu comunicado com um chamado dos petroleiros à luta: “Temos um histórico no movimento sindical brasileiro e sabemos que a sem luta não se conquista. Com uma sintonia fina entre o sindicato e os trabalhadores nós vamos atingir os nossos objetivos”.
A FUP vai reunir o seu Conselho Deliberativo na próxima terça, 22. Até esta data, o indicativo nacional para os sindicatos é de realização de assembleias para avaliação do indicativo de rejeição da contraproposta. No NF, como afirmou Rangel, as assembleias serão convocadas assim que a companhia desembarcar as suas equipes de contingência.