Estimativas realizadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) indicam que, no terceiro trimestre de 2023, a Petrobras deverá registrar resultado financeiro positivo: Lucro Líquido de R$ 26,2 bilhões; Receita Líquida de R$126,2 bilhões; EBITDA Ajustado de R$ 63,7 bilhões; e Distribuição de dividendos próxima R$ 17,2 bilhões. A Petrobras divulga hoje (9/11) seus resultados operacionais e financeiros do terceiro trimestre de 2023.
“O aumento da produção de óleo, gás natural e derivados foram elementos essenciais para o resultado operacional e financeiro positivo apurado pela estatal neste terceiro trimestre de 2023, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior. No entanto, na comparação com mesmo trimestre de 2022, o menor patamar dos preços do petróleo no mercado internacional e dos derivados no mercado interno limitou a expansão das receitas da companhia”, comentou o diretor técnico do Ineep, Mahatma dos Santos.
Segundo o Ineep, no 3T23 os preços médios dos brent e dos derivados caíram, em média, 14,4% e 31,0% respectivamente, em comparação com o 3T22. Os preços médios dos derivados no mercado interno saíram de R$ 687,00 por barril no 3T22 para R$ 474,00 no 3T23. Nem mesmo os aumentos de 4,5% no volume de produção e de 1,3% na comercialização de derivados compensaram os menores preços.
Tabela – Estimativas do Balanço da Petrobras 3T2023 (em R$ bilhões)
Desempenhos operacional e comercial
Em linhas gerais, o resultado estimado para a companhia no 3T23 se deveu a um melhor desempenho operacional da companhia quando comparado ao 3T22, com alta de 8,8% na produção de óleo e gás e aumento de 8 pontos percentuais do fator de utilização de seu parque de refino, que alcançou 96% no 3T23.
O avanço dos indicadores comerciais também contribuiu para o resultado positivo: aumento de 1,3% das vendas de derivados no mercado nacional, que neste trimestre, segundo a projeção, representaram cerca de 75% das receitas totais da companhia; e incremento de 51,6% das exportações de petróleo e derivados na comparação com o 3T22. A manutenção de baixos custos operacionais decorrentes da elevada produtividade do pré-sal foi outro fator relevante para o resultado apurado no presente trimestre. Os resultados do terceiro trimestre de 2023 não deverão ser amplamente impactados por lançamentos não recorrentes¹.
Segundo as previsões do Ineep para o 3T23, a receita de vendas da Petrobras foi de R$ 126,2 bilhões, valor 10,9% superior ao observado no 2T23 e 25,8% inferior ao mesmo período do ano passado (3T22). Desse total, estima-se que R$ 93,8 bilhões têm origem nas vendas para o mercado interno, que apesar da queda de 30,8% na comparação com o 3T22, segue representando cerca de 74% das receitas totais da companhia. No trimestre em análise, estima-se que as vendas para o mercado internacional devem alcançar cerca de R$ 32,4 bilhões, o que significa uma redução de 6,1% ante 3T22.
As receitas de vendas de derivados da companhia alcançaram R$ 77,6 bilhões no 3T23, queda de 30,2% na comparação com o 3T22. As receitas com derivados foram impactadas pela robusta queda de 31,0% nos preços médios dos derivados na comparação anual, que caíram de R$ 687,00 no 3T22 para R$ 474 no 3T23, segundo estimativas do Ineep. Nessa comparação anual, as maiores quedas estimadas foram nos preços do GLP (gás de botijão), cerca de 42,5%, seguido pelo diesel (34,3%) e a gasolina (12,2%).
A venda parcial do parque de refino da Petrobras, em especial da RLAM e da REMAN nos últimos dois anos, segue como elemento importante para o resultado atual da companhia, visto que restringiu sua capacidade produtiva no curto prazo. A decisão da nova gestão de ampliar o fator de utilização de seu parque de refino, que alcançou 96% em média no 3T23, resultou no aumento de 4,5% da produção de derivados e permitiu um incremento de 1,3% no volume de vendas da estatal no âmbito nacional, na comparação entre o 3T23 e o 3T22. Esse esforço operacional, no entanto, não foi suficiente para compensar a queda nos preços.
Na comparação do 3T23 com o 3T22, a Petrobras registrou aumento de 55,9% no volume exportado de petróleo e derivados, resultado decorrente do aumento de 65,0% das exportações de petróleo cru, principalmente, para o mercado chinês e europeu, destino de 72% das exportações de óleo cru da companhia. Segundo estimativas no Ineep, o boom das exportações no 3T23 significou uma forte recuperação do segmento, mas ainda em nível 6,1% inferior ao apurado no 3T22.
Por conta desses resultados, o Ineep projeta que o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e os impairments) no 3T23 será de R$ 47,2 bilhões, valor 36,5% inferior ao registrado no mesmo período em 2022. Somando esse lucro operacional estimado (considerando a venda de ativos e as compensações) com o resultado financeiro (R$ -9,8 bilhões) e os impostos (R$ 11,2 bilhões) estimados, obtém-se o lucro líquido estimado de R$ 26,2 bilhões, conforme apresentado anteriormente.
Geração de caixa e pagamentos de dividendos
Esse lucro estimado da Petrobras proporcionará uma Geração de Caixa Operacional neste trimestre de cerca de R$ 51,6 bilhões, que é o resultado das entradas e saídas de caixa relacionadas as atividades operacionais (ver Tabela). De forma indireta, a geração de caixa operacional é calculada somando ou subtraindo itens (ajustes) do lucro líquido que afetam o fluxo de caixa operacional. Com essa geração de recursos, estimou-se um Fluxo de Caixa Livre (diferença entre a geração de caixa livre e gastos em investimentos imobilizados e intangíveis) da Petrobras no 2T23 da ordem de R$ 38,1 bilhões, queda de 28% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com base nas estimativas da geração de caixa operacional, do fluxo de caixa livre e na mudança na política de remuneração de acionistas, anunciada pela Petrobras no último dia 28/07, o Ineep estimou também o montante da distribuição de remunerações neste trimestre de cerca de R$ 17,2 bilhões ou US$ 3,5 bilhões. Do total estimado de lucros a serem distribuídos, 36,61% irão para o governo federal e para o BNDES; 63,17% para acionistas privados, dos quais 47,72% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) e 15,45% para os acionistas privados brasileiros.