CUT levará solidariedade a presos políticos de Curuguaty

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Da Imprensa da CUT

A CUT estará na próxima terça-feira (9), em Assunção, levantando novamente sua voz em defesa da libertação dos camponeses presos políticos de Curuguaty e da imediata anulação do julgamento que mantém presas quatro lideranças do movimento pela reforma agrária no Paraguai. A manifestação de solidariedade será feita pelo secretário de Relações Internacionais da Central, Antonio Lisboa, às 18 horas, na Barraca da Resistência, em frente ao Palácio de Justiça, na presença de familiares dos presos e de dirigentes dos sem-terra.

“Foi um processo jurídico viciado, montado para afastar o presidente Fernando Lugo e criminalizar a luta pela terra. Há um grande número de depoimentos, dados e documentos que comprovam a necessidade da anulação do julgamento dos camponeses. Eles são inocentes e não podemos permitir que sejam injustamente condenados”, afirmou Antonio Lisboa.

O pronunciamento do dirigente cutista integra a programação da 5ª Conferência Sindical Internacional “Os golpes parlamentares na região e suas incidências para os trabalhadores”, promovido pela CUT-Brasil e pela Central Unitária de Trabalhadores do Paraguai (CUT-A).

No mesmo dia e local será lançado o livro “Curuguaty, carnificina para um golpe”, do jornalista e assessor da CUT Leonardo Wexell Severo, que acompanha o caso como observador internacional. Durante a atividade será feita uma nova doação de exemplares da obra para os familiares arrecadarem recursos para o movimento pela anulação do processo.

Vítimas viraram culpadas

Após quatro anos, os 11 sem-terras que sobreviveram ao massacre ocorrido no dia 15 de junho de 2012 – em que morreram 17 pessoas – receberam penas que variaram de quatro a 35 anos de prisão. Sob acusações como “homicídio doloso”, “associação criminosa” e “invasão de propriedade alheia”, Rubén Villalba foi sentenciado com a pena maior, seguido de Luis Olmedo, com 20 anos; Nestor Castro e Arnaldo Quintana com 18 anos. Lucía Agüero Romero, Maria Fani Olmedo e Dolores López Peralta foram condenadas a seis anos e cumprirão domiciliar, enquanto Felipe Benítez Balmori, Juan Carlos Tillería, Alcides Ramón Ramírez e Adalberto Castro Benítez, sentenciados a quatro anos, foram soltos por já terem cumprido integralmente a pena.

Livro Curuguaty, carnificina para um golpe denuncia ação do imperialismo por trás da deposição de LugoLivro Curuguaty, carnificina para um golpe denuncia ação do imperialismo por trás da deposição de LugoOs sem-terra foram acusados e incriminados por terem constituído uma organização criminosa para invadir uma propriedade privada, emboscado e assassinado os policiais. “A única associação que constituíram foi para, junto aos organismos oficiais, poderem reclamar para si uma terra que se encontrava disponível para a reforma agrária e que havia sido tomada pela família Riquelme, ligada à ditadura de Alfredo Stroessner. Além disso, como 60 camponeses, metade deles mulheres, velhos e crianças poderiam ter buscado o confronto contra 324 policiais munidos de helicóptero e armados com bombas e fuzis?”, questiona Severo. Para o observador internacional, “é uma sequência de atropelos e falsidades que visa apagar o envolvimento de franco-atiradores na ação, que visa apagar o treinamento recebido de militares estadunidenses por parte da tropa de elite, que visa apagar o interesse dos latifundiários e das transnacionais no derramamento de sangue para justificar o afastamento de Lugo”.

Conferência sindical internacional

Aberta com a visita à Barraca de Resistência das Vítimas de Curuguaty, a Conferência – que reunirá sindicalistas, políticos e parlamentares – prossegue na quarta-feira, sendo aberta com uma saudação do prefeito de Assunção, Mario Ferreira.

Pela manhã, a mesa “A CUT Brasil e o golpe parlamentar, seu impacto nos trabalhadores”, será feita por Antonio Lisboa; o senador e ex-presidente Fernando Lugo falará sobre “O porquê do golpe parlamentar no Paraguai” e o presidente da CUT-A, Bernardo Rojas, abordará “As consequências do golpe para os trabalhadores”.

Os debates da tarde iniciam às 14 horas com a exposição “O governo Lugo e suas relações com o parlamento”, feita pelo senador Miguel Ángel López Perito, seguida do debate “O governo de Cartes e o governo de Lugo: perspectivas para 2018”, com o senador Hugo Richer.