Igor Carvalho / Da Imprensa da CUT – A Executiva Nacional da CUT se reuniu ontem (quarta, 25) pela primeira vez desde a realização do 12º CONCUT, que definiu a nova diretoria da Central. Durante o encontro, no centro da capital paulista, dirigentes se revezaram na análise da conjuntura política internacional e nacional.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, lembrou que as eleições para o Legislativo na Venezuela devem confirmar o avanço da direita naquele país, também, “devemos ter uma vitória bem apertada do Maduro”. O dirigente CUTista também criticou a eleição do conservador Maurício Macri à presidência da Argentina. “É um retrocesso, não foi bom”, afirmou alertando que não podemos permitir o avanço da onda conservadora na América Latina.
Para Janeslei Aparecida Albuquerque, secretária de Mobilização e Relações com os Movimentos Sociais, a vitória do candidato conservador na Argentina, somada ao avanço da direita no Brasil, são partes de um projeto maior. “As políticas que estão sendo aplicadas na América Latina, pertencem a um pensamento neoliberal, é o capital tentando se impor no continente.”
A preocupação com a eleição argentina continuou sendo tema na reunião. “O Macri chegou violento e colocando a pauta do seu senhor, os EUA, afirmando que fará cortes e atacando a Venezuela”, explicou Jandyra Uehara, secretaria de Políticas Sociais da CUT, que também destacou a importância da Central fazer parte da Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, iniciativas em defesa da democracia e que visam barrar o retrocesso.
Brasil
O secretário de Comunicação da CUT, Roni Anderson Barbosa, alertou para as ações de ‘grupos fascistas’ que ainda ameaçam o País com tentativas de golpe. “Os ataques como os que Dilma vem sofrendo, poucas vezes vivemos no Brasil, talvez só na época do Getúlio Vargas. Essa conjuntura, faz com que vivamos no País um clima de ‘Fla x Flu’, estimulado pela grande mídia, como se fossem os de camisa verde e amarelo contra os de camisa vermelha”, afirmou o dirigente.
Para Maria de Fátima, secretária adjunta de Saúde do Trabalhador, é preciso fortalecer a esquerda para enfrentar a crise. “No Brasil, estamos vendo um processo de perda das referências. Por isso, precisamos continuar nas ruas, dialogar com as pessoas, com os jovens e resgatar nossas referencias”, convocou.
Economia
A subseção nacional Dieese/CUT Nacional, apresentou uma análise sobre o desempenho da economia brasileira e perspectivas. “O cenário crítico de 2015, carrega para 2016 uma dose de pessimismo. 2015 está confirmando as expectativas mais pessimistas, de baixo desempenho, acompanhado da permanência de problemas fiscais devido à queda na arrecadação”, explica a economista Adriana Marcolino. Apesar dos números, a técnica lembrou que “a crise política alimenta a crise econômica.”
Roni, que é petroleiro, lembrou que a crise política tem impactado diretamente a Petrobrás, que têm empresas fornecedoras da estatal investigadas na Operação Lava-Jato. “Neste ano, os petroleiros abriram mão de uma paralisação para reinvindicação salarial para pedir a retomada da Petrobrás. Percebemos que alguns gestores da empresa quiseram usar a greve para desgastar o governo”, explicou. “É necessário que qualquer investimento da Petrobrás no Brasil, tenha um percentual mínimo de conteúdo nacional, garantindo assim, a contratação de trabalhadores no Brasil”, afirmou Roni.
De acordo com o Dieese, a Petrobrás, por conta “da Operação Lava-Jato, a falta de liquidez e a crise do petróleo, com o valor do barril despencando para US$ 43”, recuará no mercado e cortará 37% dos investimentos previstos até 2019.
Para Julio Turra, Diretor Executivo da CUT, a crise era previsível. “Estamos chegando ao final do ano e se confirma o que a CUT já havia alertado: a aplicação do ‘plano Levy’ é um desastre. Hoje, chegamos a 20% de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos, isso é número de crise europeia”, analisou o dirigente.
Preservar emprego
Durante o encontro, os dirigentes aprovaram a adesão da Central ao manifesto “Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento”, que está em fase final de elaboração e será lançado no próximo dia 3, em São Paulo.
Entre os principais pontos, estão: retomar o investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana; para combater a corrupção e preservar o emprego, o plano sugere destravar o setor de construção pesada, por meio de acordo de leniência, que garantam a penalização dos responsáveis e a segurança jurídica das empresas; adotar políticas de fortalecimento do mercado interno para a preservação do emprego e renda.
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, explicou a adesão ao manifesto: “Estamos vivendo uma crise e quem sofre é o trabalhador, sem crescimento e com perda de emprego. Além disso, precisamos mudar a pauta imposta pela direita, de impeachment, Lava-Jato e ‘Plano Levy’. Temos que continuar nas ruas e apresentar propostas que façam com que o País continue a crescer, no rumo do desenvolvimento, sem retirada de direitos, sem penalizar o trabalhador.”
[Reunião da Executiva Nacional da CUT na última quarta-feira / Foto: Roberto Parizotti]