Não é novidade que o Brasil ainda é um país majoritariamente agrícola. Também se sabe que o setor muitas vezes equilibra a economia brasileira. Trata-se de uma cadeia produtiva que gera lucro, emprego e renda.
Porém, recentemente, a Petrobrás anunciou o fechamento da Araucária Nitrogenados S.A (Ansa/Fafen-PR), uma subsidiária da Petrobrás que atende justamente o setor mais produtivo do Brasil.
A alegação: prejuízo.
Mas, diante de tão pouca informação passada pela empresa e da maneira como foi divulgado o fechamento, fica uma dúvida: será mesmo que esse “argumento” é verdadeiro?
Entidades que são contrárias à postura da atual gestão da Petrobrás estão desmascarando essa justificativa.
Ao que tudo indica, os únicos que terão prejuízo – após o fechamento da fábrica – serão os mais de mil trabalhadores (diretos e indiretos) demitidos, seus dependentes, o setor agrícola nacional, o município de Araucária-PR e o povo brasileiro.
Isso porque, com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome. Isso sim é prejuízo.
Além disso, o Brasil ficará dependente da importação de ARLA 32, reagente químico produzido na Ansa/Fafen-PR e usado para reduzir a poluição ambiental produzida por veículos automotores pesados que utilizam diesel como combustível. Outro prejuízo!
Como quarta maior consumidora de fertilizantes do mundo, a economia nacional ficará ainda mais dependente das importações. Hoje o Brasil já importa mais de 75% dos insumos nitrogenados! Mais prejuízo.
E não para por aí: o município de Araucária-PR perderá R$ 75 milhões anuais em arrecadação. Em tempos de dificuldade financeira, esse valioso recurso colocará em risco políticas públicas do município.
É, achou que tinha acabado? Sabe de nada…
Tem mais!
A Petrobrás alega prejuízo, mas é ela mesma quem produz matéria prima que gerar ureia e amônia na unidade, já que o RASF (resíduo asfáltico utilizado para produzir Ureia e Amônia) é derivado da Repar, refinaria da estatal e que fica exatamente ao lado da Ansa/Fafen-PR, em Araucária-PR.
Ou seja, quem produz e precifica é a própria empresa! Cadê o prejuízo?
Portanto, foi a própria gestão da Petrobrás quem criou uma falsa justificativa para abandonar o setor de fertilizantes nitrogenados no Brasil, favorecendo as multinacionais, os importadores e criando empregos em outros países.
É esse o compromisso do atual governo e da gestão da Petrobrás com o povo brasileiro?
Para se ter uma ideia da importância da amônia e ureia na agricultura, sabia onde são aplicados esses insumos:
Amônia:
=> Fertilizantes: sulfato de amônio, fosfato de amônio, nitrato de amônio e ureia;
=> Produtos químicos: ácido nítrico (utilizado na preparação de explosivos);
=> Fibras e plásticos: nylon e outras poliamidas;
=> Produtos de limpeza: detergentes e amaciadores de roupa.
Ureia:
=> Fertilizante sólido utilizado na adubação de um grande número de plantas;
=> São grânulos brancos que contém 46% de Nitrogênio; é o fertilizante sólido de maior concentração de Nitrogênio e, por isso, é um tipo de composto que tem como principal função fornecer esse elemento para as plantas;
=> O Nitrogênio garante plantas com vigor e saudáveis;
=> A ureia é utilizada como repositor de Nitrogênio, para que a planta possa recuperar a vitalidade e continuar saudável.
Pois é…
A verdade é que o prejuízo com o fechamento da Fafen-PR não é da Petrobrás, mas sim do povo brasileiro; que, mais uma vez, será punido para que os interesses estrangeiros sejam atendidos.
Uma vergonha que merece o repúdio de toda a população.
Fonte: Sindiquimica-PR