Desabafo sobre assédio

*Texto apócrifo

Este é um desabafo de uma esposa de um petroleiro que está passando por uns dos momentos mais delicados de sua vida.
Tenho um relacionamento de nove anos com um petroleiro, sendo quatro anos de casada. Ele tem 11 anos de empresa, portanto posso dizer que presenciei a maior parte disso que acontece com ele.
Meu marido? Um homem de família. Feliz! Ótimo marido, filho e genro. Leal. Nunca conheci ninguém tão leal.
Há uns anos, o escuto reclamar de sua gerência, e na correria do dia-a-dia, nos sapos que temos que engolir para sobreviver, confesso que até subestimei, em algum momento, essas queixas. E hoje, percebo que o normal é subestimar, diminuir o problema, minimizar. E com isso, o monstro cresce.
De três anos para cá as reclamações ficaram mais recorrentes, e os fatos mais graves. E a situação ganhou um nome e ao nomeá-la ganha forma: ASSÉDIO MORAL.
Um susto! Como uma empresa do tamanho da PETROBRÁS permite uma coisa dessas?
Sempre repeti ao meu marido que ele estava onde todos gostariam de estar, então ao conhecer este lado obscuro, faço minha reflexão.
Hoje compreendo, no meu limitado conhecimento, que o ASSÉDIO vem da incompetência dos gestores. É necessário competência para gerir pessoas. O assediado vai sendo diminuído em sua capacidade, e me questiono: não seria o papel de um líder puxar seus subordinados para ele, melhorar seu aproveitamento, fazê-lo crescer? – Parto do princípio que, para um funcionário ingressar nesta empresa é uma pessoa bastante capacitada, uma vez que é um processo difícil, uma seleção onde só entram os melhores – Bom, liderar é para poucos, e percebo, cada dia mais, que esta empresa não está preocupada em trazer o funcionário para ela; esses chefes (não podemos chamar de líderes) se escondem por trás deste sistema para justificar suas atitudes.
Por simples prazer pessoal? Nunca saberei a resposta.
O ASSÉDIO acontece à surdina, sem provas, nada escrito, palavras ameaçadoras ao pé do ouvido, atitudes que punem sem punir oficialmente.
Hoje conheci, infelizmente, o quão devastador é o efeito do assédio na vida de uma pessoa. Lembram do marido feliz do início do texto? Então, está afastado do trabalho. DEPRESSÃO, SÍNDROME DO PÂNICO, falando em SUICÍDIO!
Bom, confirmo, se a função desses gerentes, que não lideram, é acabar com seus funcionários, numa seleção cruel. Parabéns, conseguiram!
Incapacitar para o trabalho um homem de 37 anos – e espero no meu caso seja temporário – É UM CRIME! E pergunto novamente: será que a PETROBRÁS, A EMPRESA DOS SONHOS, tem o conhecimento desses assuntos?
Minha intenção com esta carta é fazê-la saber. E ao saber, qual a atitude?
Minha frustração é palpável.
Impotência para lidar com uma situação que eu não criei. Ver meu marido com vergonha e medo é devastador.
Como disse no início, isso é um desabafo. E confio que a justiça será feita.
Somente um conselho: DENUNCIEM!!! Só assim que, talvez, consigamos alguma vitória e que a Empresa comece a se mobilizar contra isso.

Obrigada pelo espaço.

* Texto não assinado de uma esposa de um petroleiro da Bacia de Campos.