Desemprego, assédios e a pinguela que tudo conecta

Rosangela Buzanelli*

Após o Golpe parlamentar/jurídico sofrido no país, os porões do obscurantismo foram liberados.

São aprovadas pelo Congresso Nacional a PEC da morte (congelamento dos investimentos em saúde e educação), a Terceirização Irrestrita, a Contrarreforma Trabalhista, a entrega do pré-sal, a isenção trilionária de impostos às estrangeiras e o fim da política de Conteúdo Local, para citar as mais famosas atrocidades. Ansioso, esse Congresso agora aguarda as eleições de outubro para aprovar a Contrarreforma da Previdência, se assim o permitirmos.

Temer, o arquiteto da pinguela para o passado, cede nossa Base Espacial de Alcântara aos americanos, tenta desnacionalizar e liberar o desmatamento da Amazônia,coloca à venda a Embraer, Eletrobras e está acelerada e descaradamente privatizando a Petrobrás.

Em sintonia profunda com o Executivo e com o Legislativo, o Judiciário, através da Operação Lava Jato, destrói a engenharia nacional e as grandes empresas, levando a demissões crescentes no país.

A “justiça” avaliza a deposição de uma presidente honesta, sem nenhuma base legal e condena e prende o maior líder popular do país sem provas e sem permitir à sua defesa o direito legal de utilizar todos os recursos previstos, expondo sem pudor a profunda insegurança jurídica a que o país e seus cidadãos estão sujeitos.

A Grande Mídia se ocupa em disseminar as mentiras que criam para justificar o golpe e suas maldades, bem como em distrair seus espectadores com boçalidades e muita, muita violência, trabalhando a cultura do medo para capturar e aprisionar a capacidade de reação das pessoas.

Desmascarando a “modernidade” apregoada pelos defensores da Contrarreforma Trabalhista, o desemprego dispara e se deterioram as relações trabalhistas, permitindo então que os opressores, em suas diversas matizes, coloquem novamente as unhas de fora.

No sistema Petrobrás, e não somente nele, os terceirizados são demitidos em massa e, aqueles que porventura conseguem continuar empregados o são com brutal redução salarial e precarização do contrato de trabalho. Em Macaé ficou famoso o “contratão dos mil reais” adotado na Bacia de Campos.

Há também relatos de engenheiros demitidos e recontratados com outros cargos, porém com a mesma função, para que recebam salários abaixo do piso profissional.

Nesse contexto de profunda crise, quem ainda tem emprego se sente acuado e ameaçado, tornando-se vítima fácil e indefesa das mais cruéis perversidades.

As denúncias de assédio moral e sexual aumentam assustadoramente, assim como as manifestações de homofobia, misoginia e racismo. Os fascistas, assediadores, racistas, homofóbicos, etc. sentem-se mais à vontade sob esse governo ilegítimo, amparados pela profunda identidade entre si.

O poder foi usurpado, vivemos um estado de exceção sob uma insegurança jurídica e institucional, portanto, o sinal verde foi dado para as ilegalidades e imoralidades, muitas vezes estimuladas ao invés de reprimidas.

Não temos mais na empresa e no país políticas claras e massivas de identificação, combate e tratamento preventivo e corretivo aos assédios morais e sexuais, ao racismo, misoginia e homofobia.

Não nos iludamos, esse é mais um efeito colateral do golpe.

Os assediadores, usurpadores, opressores, oportunistas, racistas, misóginos, homofóbicos, enfim, canalhas em geral, estão muito à vontade para agir como demonstram a cada dia.

É preciso denunciar, para que consigamos identificar, tratar e combater os abusos de toda sorte.

É preciso se indignar com tudo isso e resistir. Temos que abandonar o papel de espectador, tão estimulado pela mídia e nossos opressores, para assumirmos nosso real papel na história, que é de protagonista.

Não passarão. Juntos somos muito mais fortes.

* Diretora do Sindipetro-NF.