Dez camponeses são assassinados no Pará. Presidenta do sindicato é uma das vítimas

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

 
violencia no campo.jpg
Informações preliminares dão conta que ainda há 14 pessoas feridas durante ação policial (MARCELO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL)

Brasil de Fato – Nove homens e uma mulher foram mortos em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Pau D’Arco, a cerca de 60 km da cidade de Redenção, sudeste do Pará, nesta quarta-feira (24). As mortes ocorreram em função de uma ação das Polícias Civil e Militar. De acordo com Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA), as informações ainda são poucas, mas ela aponta que a ação policial contra os trabalhadores rurias ocorreu durante um processo de reintegração de posse da fazenda.

“Nós só sabemos que a circunstância foi a de uma reintegração de posse, a qual, ao contrário das orientações do Tribunal de Justiça e da Ouvidoria Agrária Nacional, que dizem que quem deve cumprir as reintegrações de posse é o comando da PM (Polícia Militar) – do batalhão especial, que fica em Belém –, o juiz determinou que a polícia local cumprisse a ordem”.

De acordo com o integrante da Liga dos Camponeses Pobres (LCP-PA) Paulo Oliveira, entre os mortos está a presidenta da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pau D’Arco, além de outras 14 pessoas que foram baleadas. Ele destaca ainda que a fazenda Santa Lúcia foi grilada e pertence à família Babinsk.

“São terras públicas que eles (Babinsk) grilaram. As famílias entraram e foram despejadas de forma violenta, e tentaram retornar agora, mas tinha um mandado de despejo e aconteceu esse episódio”, afirma.

Integrantes da CPT acompanham o caso.

Outra versão

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) afirmou que a ação policial não se tratava de uma reintegração de posse e sim do “cumprimento de 16 mandados judiciais (prisão preventiva, temporária e buscas e apreensões)”.

Ainda segundo o texto, policiais do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar e policiais civis de Belém se dirigiram ainda na quarta-feira para Redenção. A Corregedoria das Polícias Civil e Militar também foram para a cidade “para intensificar as investigações e reforçar a segurança”.

A Segup afirma que ainda serão divulgados os nomes das vítimas. Os corpos serão analisados pela polícia técnica paraense.

Massacre no campo

O ano de 2017 tem sido de massacre no campo brasileiro. Antes da chacina desta quarta-feira, a CPT já havia mapeado 26 assassinatos decorrentes de conflitos. Em 2016 a violência no campo já bateu recorde: foram 61 assassinatos, 22% no comparativo com o ano anterior e o maior número desde 2003, quando foram registrados 73 homicídios. 

Ainda de acordo com os dados da CPT, no ano anterior foram registradas seis mortes no Pará. Com o massacre de Pau D’Arco, o número de mortes no estado chega a 17.