Dia 08 de março: Mulheres do Sindipetro-NF falam sobre suas lutas e celebram conquistas

Renatta Viana / Para Imprensa do NF – O Sindipetro-NF celebra este 08 de março, Dia Internacional da Mulher com histórias das diretoras e conselheiras fiscais que fazem parte do Sindicato. São histórias de luta, resistência, força e muitas conquistas também.

São mulheres que desempenham um papel importantíssimo enquanto sindicalistas, petroleiras, que ocupam os mais variados espaços que lhes são de direito e que muitas vezes se desdobram para conciliar suas carreiras, seus projetos, famílias e sonhos.

 

Conheça as Mulheres do Sindipetro-NF:

 

  • Déborah Simões, Diretora do Departamento Administrativo do Sindipetro-NF, Técnica de Manutenção e atua no Ativo de Processamento de Gás Cabiúnas há 17anos na área de Suprimentos de Bens e Serviços.

 

Déborah é Diretora Sindical desde 2020 e sua chegada ao Sindicato se deu através de um convite da Direção à época para compor a chapa devido a sua participação frequente nos atos promovidos pelo Sindicato na base, pela representatividade já conhecida na unidade e pelo fato das duas únicas mulheres que compunham a diretoria terem se aposentado. Além disso, ela se identificava muito com as pautas de gênero.

“No movimento sindical eu encontrei espaço para discutir e tratar as causas das lutas das mulheres petroleiras, o sindicalismo promove uma representação formal e acesso a lugares e pessoas de poder e influência para trazer mudanças reais para o ambiente de trabalho. Vejo ainda pouca representatividade das mulheres petroleiras na liderança, a deficiência de estrutura física e de apoio para as mulheres se desenvolverem nesse ambiente predominantemente masculino”, pontuou a diretora.

Pelo fato de ser mulher atuante nesta frente, muitas ainda relatam a questão do machismo, que infelizmente é muito predominante no ambiente sindical, local em que deveria ser combatido este tipo de prática. “As mulheres precisam ocupar esses espaços para que tenhamos sempre voz e vez, para marcar presença para desconstruir essa triste realidade. Esse foi o principal motivo de eu ter ingressado no movimento sindical, para dar a minha contribuição de não deixar essa pauta morrer e para ser inspiração para outras mulheres que possam vir também o movimento”, pontuou Déborah lembrando a importância dos homens apoiarem as suas esposas, filhas, sobrinhas, colegas de trabalho para serem o que quiserem e ocuparem o espaço que quiserem no ambiente de trabalho e na sociedade .

 

  • Bárbara Bezerra, Técnica em Segurança do Trabalho, Petroleira, Diretora do Sindipetro-NF, atualmente Coordenadora do Departamento de Cultura, Esporte e Lazer.

 

Em 2018 Bárbara publicou uma foto na plataforma em que estava trabalhando com uma faixa que dizia: “Ele Não!”. Essa foto viralizou através de milhares de compartilhamentos nas redes sociais e a partir desse desdobramento, a Petrobras aplicou uma advertência da petroleira por causa dessa foto. O Sindicato tomou ciência e ofereceu apoio jurídico, então se estabeleceu um contato com o Sindicato.

A partir de então, Bárbara, que é Antropóloga e Pesquisadora da área de gênero e trabalho elaborou o Encontro de Mulheres Petroleiras de Macaé e fez o convite ao Sindicato para fazer parte da direção. Em 2020 veio a pandemia, as eleições da entidade e a confirmação do convite. Dos principais destaques que envolvem as mulheres petroleiras, ela fala sobre o rompimento do silêncio.

“Quando a gente questiona sobre a falta de banheiros femininos das plataformas, a falta de EPI femininos, sempre temos uma resposta muito igual: “Ah nunca falaram sobre isso. Nunca pensei sobre isso.” Então o caminho é primeiramente romper o silêncio e nos posicionarmos porque somos minoria na categoria. Na Petrobras inteira somos 16%, para áreas industriais somos bem menos e nas plataformas somos menos de 3%. Nos recortes de posicionamento de liderança diminui muito esse número. E quando fazemos um recorte racial então, vai para 0,04 % de mulheres em cargos de liderança na Petrobrás”.

O Sindipetro-NF tem uma função primordial de romper o silêncio, denunciar essa cultura contra a mulher e de avançar contra opressão e violência. Através do movimento sindical já vieram vitórias históricas como a inclusão de cláusulas importantes no último acordo coletivo da Petrobrás sobre o assédio moral e sexual, proteção à mulher vítima de violência domestica, salas de amamentação, licença estendida para gestante e para o pai realizar a paternidade responsável no momento do puerpério da mulher. São lutas importantes do Sindicato que mostram avanços.

“Há muito machismo no meio sindical e é algo que precisamos desmistificar. Todos os locais onde há mais predominância masculina e disputa de poder, vai haver mais machismo e patriarcado, e mais problemas sobre a presença e ascensão da mulher. Temos que combater essa violência política de gênero porque todas nós que estamos aqui temos uma historia triste para contar. O importante é combatê-las com representatividade e assertividade, frisando sempre que os homens precisam ser mais colaborativos com a causa, a prática ainda é muito distante”, pontuou a diretora, lembrando ainda, sobre como é importante o envolvimento das mulheres no meio sindical.

“Há muitas barreiras e é ainda difícil ouvir que uma mulher quer ser sindicalista, porque há um entendimento de que este lugar político não é lugar de mulher. E na verdade essa é uma cultura produzida e assim a gente não avança em direitos e em ocupação de espaço, mas nos somos maioria e essa maioria gera muitos temores. Nosso sindicato é combativo, inovador e tem um posicionamento forte na questão de gênero. A estrutura do Sindicato é importante para balizar essa luta e nos colocar como protagonistas dessas conquistas”.

 

  • Eliane Martins de Carvalho, Aposentada, a primeira Diretora Pensionista do Sindipetro-NF.

 

Eliane está no Sindipetro-NF há 12 anos, atuando como pensionista há 9 e há 1 ano e meio como Diretora. Ela é viúva do petroleiro Joílson Mello de Carvalho e já participava das reuniões com seu marido no Sindicato. Foi convidada a participar da diretoria pelo coordenador do Departamento de Aposentados, Antônio Alves, o Tonhão. Eliane fala sobre as lutas das petroleiras, toda a força, coragem e determinação que elas tem juntas para irem mais além e conquistarem tudo que desejam, defendendo o que já foi conquistado através das lutas das mulheres que as antecederam.

“Ainda há muitas barreiras para a mulher ser sindicalista. É muito pequena a participação das mulheres nesse meio, mas isso está mudando e todas que se envolvem são extremamente ativas e competentes. Quero deixar o meu abraço a todas as mulheres trabalhadoras do nosso querido Brasil e dizer que devemos estar unidas, de mãos dadas umas com as outras para defendermos os nossos direitos que já foram conquistados e seguindo a diante. E digo sempre: Lugar de mulher é onde ela quiser. Juntas somos mais fortes”.

 

  • Leide Morgado, Técnica em Química, atua na área de Laboratório Offshore no setor privado da indústria de petróleo e gás e é Dirigente Sindical do Departamento Setor Privado do Sindipetro-NF.

 

Leide faz parte do Sindipetro-NF há 7 anos. Na época foi convidada por Léo Ferreira que era Coordenador do Setor Privado. “Ele me via nas assembleias bem ativa e sempre querendo melhorias nas condições de Trabalho e Salários. Veio o convite e aceitei. Penso que as mulheres petroleiras enfrentam desafios como a dupla jornada, a falta de representatividade e o assédio, mas destaco a resiliência dessas mulheres, que persistem na busca por igualdade. Como sindicalista, meu papel é amplificar suas vozes, promover ações e garantir que suas demandas sejam ouvidas”.

A diretora lembra que muitas vezes mulheres são subestimadas, suas ideias minimizadas e sua presença questionada. As barreiras existem e se mostram desde a falta de representatividade em cargos de liderança até a sobrecarga mental que as mulheres enfrentam. É essencial promover a formação e inclusão para que mais mulheres assumam posições sindicais, por isso, o Sindipetro-NF tem avançado, mesmo diante dos desafios.

“Realizamos capacitações, criamos espaços de discussão e incentivamos a participação feminina. Precisamos continuar fortalecendo essa luta, desconstruir esses estereótipos e garantir que todas as vozes sejam valorizadas. A mudança acontece quando nos envolvemos ativamente, quando levantamos nossas vozes e nos unimos em busca de igualdade, justiça e melhores condições. Nós somos a força motriz da nossa indústria. Continuem lutando, ocupando espaços e inspirando outras mulheres. Estamos longe de igualdade, mas em uma curva da evolução”, frisou Leide.

 

  • Genusa de Souza Dutra Carneiro, Pensionista e Conselheira Fiscal do Sindipetro-NF

 

Genusa conheceu o Sindipetro-NF através do seu marido que era afiliado. Está há 17 anos como sindicalista e desde sempre reconhece o empoderamento das trabalhadoras na busca por igualdade de oportunidades nas relações de trabalho, na política, nas organizações sindicais e na sociedade como um todo.

Segundo ela, o machismo existe em todas as áreas, é um evento traumático, que prejudica a qualidade de vida, autoestima e a produtividade das mulheres que lutaram bastante para conquistar o espaço no ambiente profissional. “Hoje muitas mulheres se veem oprimidas por atitudes que fazem com que elas tenham dificuldade em conquistar boas vagas, remunerações justas e em crescer na profissão que escolheram. Lidar com esse problema não é algo fácil, mas temos um sindicato atuante de forma progressiva para que mudanças efetivas sejam notadas e a participação feminina vem aumentando, porém as mulheres ainda são minoria na categoria e nas entidades sindicais. Que essas mulheres guerreiras, fortes, sem nunca fugir das lutas, continuem superando limites, quebrando barreiras e inspirando conquistas”.

 

  • Vanilda Maria Ribeiro da Silva Queiroz, Pedagoga e Conselheira Fiscal do Sindipetro-NF

 

“Lutamos por igualdade e respeito”. Assim, Vanilda começa a sua fala em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Ela está há 7 anos no Sindicato atuando frente às lutas, engajada para que as mulheres sejam reconhecidas e ocupem os espaços que lhes são de direito. “Tivemos e temos grandes avanços no Sindicato, como a conquista da primeira Diretora Pensionista eleita”, disse a Conselheira Fiscal, se referindo à sindicalista Eliane Martins de Carvalho.

“Nós mulheres, temos que estar juntas para que a mudança aconteça, uma do lado da outra, porque juntas somos mais fortes. A grandeza de uma mulher não está em ser forte, mas saber usar a grandeza da sua força em situações inesperadas”, encerrou Vanilda.

 

  • Giovana Soares de Souza, Técnica de Manutenção com ênfase em Instrumentação, Operadora da SCR da P-47 e Diretora do Departamento do Setor Privado do Sindipetro-NF

 

Giovana ingressei na diretoria sindical do Sindipetro-NF na eleição da última gestão no ano passado. Sempre esteve próxima às atividades do sindicato e foi fazendo amizades que a aproximaram cada vez mais das lutas e da diretoria.

“Quando recebi o convite da Bárbara e da Leide eu aceitei porque sei que a luta das mulheres petroleiras se faz necessária, tendo em vista que na Petrobras apenas 15,6% do efetivo são mulheres. E lidamos todos os dias com os preconceitos de se trabalhar numa empresa majoritariamente masculina, e desempenhando atividades também tidas como masculinas. Estou há 21 anos na empresa, e ouso dizer que nada mudou em relação às políticas de equidade nos direitos de homens e mulheres e principalmente nas questões de estrutura física que possibilite a presença feminina nas plataformas”, pontuou Giovana, frisando ainda, que há muito para avançar e derrubar os velhos “tabus”.

“Somos poucas e é difícil trazer mais mulheres para se juntarem na luta conosco! Muitas temem represálias e se sentem sobrecarregadas e sem tempo para se dedicar à atividade sindical. Mesmo percebendo que a participação das mulheres aumentou, ainda é muito aquém ao que deveria ser. A mensagem que deixo para o dia de hoje é: respeitem nossas lutas, nossas histórias e nossos direitos!”.