O Sindipetro-NF está em contagem regressiva para mais um grande evento de formação política, histórica e cultural. A entidade vai marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela (25 de julho) com um evento no dia 27 de julho, quinta-feira, às 19h, na Lyra dos Conspiradores, em Macaé (Rua Sacramento, 63, Centro).
O evento é público, aberto a todos os interessados e interessadas, mas recomenda-se fazer inscrição por meio de deste formulário, para uma melhor previsão de público e facilitação do contato com os organizadores.
O objetivo é contribuir na promoção da cultura e da formação política em relação ao combate ao machismo e ao racismo, além de celebrar a memória de luta das mulheres negras. Haverá atividades culturais e barracas de expositores de alimentos, roupas e acessórios. Entre as atrações está apresentação do grupo Samba do Cabral.
Para a coordenadora do Departamento de Cultura, Esporte e Lazer do Sindipetro-NF, Bárbara Bezerra, “é muito importante celebrar este dia, pois a gente precisa celebrar a maior população nacional, 28% da população brasileira é de mulheres negras e elas não estão nos principais espaços de poder, não estão nas lideranças, não estão nos congressos, não são CEOs. Por que acontece essa inversão? A gente precisa dar muita visibilidade, celebrar sim a data, para tirar do invisível e do silêncio a ausência das mulheres negras nos espaços de poder”.
A diretora destaca que o evento procurou viabilizar a venda de produtos e de atrações culturais feitos por mulheres negras. “A gente vai fazer uma celebração, inclusive com uma feira de artesanato, e em todas as barraquinhas serão mulheres negras que estarão fazendo vendas, vai ter uma grande roda cultural também, com cantoras negras participando dessa roda, para a gente poder ajudar tanto na distribuição de renda como também celebrar, porque com cultura e arte a gente também faz diálogo com a comunidade”, afirma.
Origens da data
O Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, foi criada no Brasil pela Lei nº 12.987/2014. Benguela foi uma líder quilombola do século XVIII que resistiu por duas décadas às tentativas de destruição da comunidade (até que o quilombo fosse aniquilado pelas forças do então governo da capitania do Mato Grosso, em 1770, quando parte da população foi assassinada e, outra, presa).
No plano internacional, a celebração às mulheres negras latino americanas e caribenhas nasceu a partir da realização, em 25 de julho de 1992, do Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, dando origem à Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas.
Local de música e resistência
O local do evento, em si, já é uma aula de história: criada em 1882, a Sociedade Musical Lyra dos Conspiradores foi um dos pontos de resistência negra em Macaé. A entidade foi a primeira a desafiar a ordem social da época ao aceitar que negros fizessem parte do quadro de sócios.
“Uma de suas cláusulas, considerada afrontosa, permitia a admissão de membros sem distinção de sexo, religião, credo político e cor. Por causa dela, Dom Pedro II, segundo registros históricos da Sociedade, mandou por um escrivão da Casa Imperial uma interpelação para a Lyra considerando suas atividades subversivas”, registra o site do Mapa da Cultura do Estado do Rio de Janeiro.