Ter o dom de gerar uma vida nova para esse mundo deveria ser um motivo a mais para mostrar a força que a mulher tem, mas, infelizmente, em pleno século 21, a desigualdade de gênero ainda existe e ser mãe torna esse desafio ainda maior.
As cobranças chegam de todas as formas. A diretora do Sindipetro-NF, Bárbara Bezerra, que já trabalhou embarcada e enfrentou muitos desafios, conta que para ela encarar as pessoas, que acham que ela é menos competente por ser mãe, é um dos grandes problemas.
“Tem gente que pensa que a mulher quando é mãe será menos competente, terá menos disponibilidade para o trabalho. Essa não é uma realidade somente da petroleira, essa ideia que fazer parte do mercado de trabalho é inconciliável com o papel de gênero feminino é um problema histórico “, frisou.
A cultura de que a mulher é a única que tem a obrigação de cuidar dos filhos é tão forte, que chega a afetar o emocional de algumas mães, como é o caso da é técnica química offshore, Bruna Gama, que se encontrou na sua profissão e apesar de ser apaixonada pelo que faz, sempre se questiona se está fazendo o certo.
” É difícil quando as pessoas dizem que você não é boa mãe porque está “abandonando” seus filhos, quando na verdade, eles estão com familiares porque você quer e precisa trabalhar. Já não é fácil para mim ficar longe da minha filha nos dias de embarque e quando falam isso, dói. Me faz questionar se é muito egoísmo amar o que faço e que para ser bem sucedida profissionalmente acabo me privando e privando minha filha de alguma coisas como estar presente em datas especiais”, declarou.
A falta de um apoio por parte das empresas também dificulta esse processo. ” No meu caso, precisei deixar minha filha na casa de parentes, enquanto estava embarcada, porque tinha dinheiro para pagar uma escola integral ou até uma pessoa qualificada para cuidar. Não existe uma estrutura para incentivar as mulheres a trabalharem e realizar seus sonhos”, ressaltou.
Isabel Galdino é técnica de segurança do trabalho e para ela ser mãe e petroleira não é fácil, apesar de ser uma dádiva. Mas, isso só é possível quando existe uma rede de apoio por fora.
“Para deixar as crianças em casa para vir trabalhar, precisamos de uma boa rede de apoio. Por mesmo longe conseguir saber se estão bem, se ali mentou-se corretamente, se está estudando. É estar longe tentando estar perto. Mas, não é fácil ver o quão cresceram, enquanto você estava fora e ao mesmo tempo um sentimento de orgulho dos filhos. É aquela famosa expressão que são ossos do ofício”, ressaltou Isabel, lembrando da homenagem que sua filha mais velha fez no dia da sua colação de grau, enquanto ela estava embarcada.
A diretoria do Sindipetro-NF deseja a todas essas mães e mulheres maravilhosas todo reconhecimento pelo esforço realizado para proporcionar uma vida melhor aos seus filho e ressalta que é necessário parar de romantizar essa função e entender que os discursos bonitos precisam durar mais que um dia de domingo. As mães/mulheres precisam ser valorizadas e respeitadas todos os dias do ano.