Dia Nacional da Luta contra a exposição ao Benzeno: Luta continua, apesar dos ataques do Governo

A luta do dia 05 de outubro tem se tornado cada vez mais necessária. Há nove anos, a partir de uma plenária realizada pela Comissão Nacional Permanente de Benzeno (CNPBz), esta data é uma referência para lembrar das inúmeras vítimas desta substância tóxica e também alertar sobre novos casos. É o Dia Nacional da Luta contra a exposição ao Benzeno.

 

Apesar desta luta ser de grande importância, infelizmente, ainda existem pessoas remando no sentido contrário. Um exemplo disso pode ser observado quando, em agosto de 2019, por meio da portaria 972, o governo Jair Bolsonaro (sem partido) extinguiu dezenas de comissões tripartites que atuavam para estabelecer condições dignas de saúde e segurança para os trabalhadores. Entre elas estava a CNPBz, com mais de 20 anos de atuação, e que foi responsável pelo Acordo Nacional do Benzeno, assinado em dezembro de 1995.

 

As comissões eram fundamentais para que as empresas se preocupassem com o respeito aos parâmetros mínimos de segurança, o que agora, se tornou muito mais difícil de ser fiscalizado.

 

Apesar da extinção formal da comissão e das demais barreiras encontradas, a Bancada dos Trabalhadores da CNPBz resiste em manter ações de conscientização e alerta sobre os riscos da matéria-prima.

 

A diretoria do Sindipetro-NF também não desistiu dessa luta. A luta pelo reconhecimento a exposição do Benzeno vem sendo travada há anos pelo NF, que participava da Comissão Estadual do Benzeno desde 2015, mas, que mantém o acompanhamento de debates da bancada dos trabalhadores na CNPBz e realiza debates com a categoria em setoriais, rodas de conversa e transmissões ao vivo no facebook.

 

Com essa mobilização, o Sindipetro-NF obteve decisões favoráveis nas ações civis públicas de reconhecimento da exposição de petroleiros ao benzeno nas plataformas Vermelho II e P-40, com isso foi reconhecida a exposição dos trabalhadores das plataformas à essa substância cancerígena.

 

Além disso, o Sindipetro-NF se disponibiliza a auxiliar os trabalhadores e trabalhadoras a realizarem os exames que possibilitam uma analise dos indicadores mais especifica, tendo em vista que o único exame realizado pela Petrobrás é a contagem de reticulócitos, que não tem precisão total nos resultados. Os interessados podem entrar em contato com o setor da saúde pelo whatsapp (22) 98123 1882

 

Benzeno é um risco

 

O benzeno é um dos compostos presentes em subprodutos do petróleo e quando inalado durante o manuseio sem a proteção correta, pode provocar intoxicação aguda, náuseas e dor de cabeça.

 

Além disso, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), é comprovadamente cancerígeno, causando linfomas e leucemias, entre outros tipos de câncer.

 

Os trabalhadores que foram expostos ao benzeno, exames periódicos precisam ser realizados para acompanhar os possíveis desdobramentos. Também é necessário atentar-se a alterações em hemogramas, que podem ser atribuídas à toxicidade do produto.

 

O diagnóstico de benzenismo (condição de alterações advindas da exposição ao benzeno) é feito após avaliações clínico-laboratoriais e constatação de ausência de enfermidades pré-existentes.

 

Como não existe nenhum tipo de medicamento que seja capaz de promover a cura da medula óssea ou evitar os efeitos do benzeno, especialistas recomendam que a forma mais segura de evitar quaisquer efeitos colaterais é não se expondo ao benzeno. Além disso, casos de benzenismo devem ser acompanhados permanentemente mesmo após a remissão.

 

Caso o contato com a substância seja inevitável, é preciso utilizar toda a tecnologia adequada com o recurso de equipamentos de proteção industrial (EPI) – que não eliminam completamente os riscos.

 

 

 

Memória

 

O Dia Nacional de Luta contra a Exposição ao Benzeno foi criado em homenagem ao técnico de operações da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, Roberto Kappra.

 

Ele faleceu em 5 de outubro de 2004, vítima de leucemia mieloide aguda, doença ligada à exposição ao benzeno.

 

Kappra trabalhou 11 anos na refinaria e morreu aos 36 anos, 22 dias após serem detectados os primeiros sintomas da doença. À época, a Petrobrás se recusou a reconhecer o nexo causal e a Comunicação de Acidente de Trabalho só foi emitida tempos depois.

 

Com informações: Sindipetro NF e CNPBZ