O Diário Oficial da União traz hoje a publicação da portaria número 149, de 16 de agosto de 2023, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que determina a “criação do Projeto de Assentamento denominado Cícero Guedes, localizado no município de Campos dos Goytacazes, Estado Rio de Janeiro, sob gestão da Superintendência Regional do Rio de Janeiro”.
A portaria destina destina o conjunto de terras que pertenceram à antiga usina Cambahyba (Cambahyba, Nossa Senhora das Dores, Flora, Fazendinha e Saquarema), que totaliza uma área de 1.319,8148 ha, à Reforma Agrária, com previsão de instalação de 185 unidades familiares.
O documento, assinado pelo presidente do Incra, César Fernando Schiavon Aldrigui, autoriza o início dos trabalhos de seleção das famílias para a inclusão nas unidades, como beneficiárias do PNRA (Programa Nacional de Reforma Agrária).
O MST luta há mais de duas décadas pela destinação das terras da antiga Usina Cambahyba à Reforma Agrária, com a realização de acampamentos no local que, ao longo dos anos, sofreram forte repressão. O mais recente, o acampamento Cícero Guedes, leva o nome do líder assassinado nas proximidades de Cambaíba, em janeiro de 2013, alguns meses depois da realização de uma das ocupações, em 2 de novembro de 2012 — que deu origem ao acampamento Luiz Maranhão.
Parte da saga dos trabalhadores rurais sem terra nas terras da antiga usina é contada no documentário “Forró em Cambaíba”, lançado há 10 anos pelo Sindipetro-NF. Além da ocupação e do assassinato de Cícero Guedes, o documentário traz a denúncia de que os fornos da unidades industrial foram utilizados, na década de 1970, para incinerar presos políticos da ditadura militar do pós 1964, como confessa o ex-delegado do Dops, Cláudio Guerra.
[Foto: Cícero Guedes lidera assembleia após ocupação em 2012 – César Ferreira / Para Imprensa do NF]