Diversidade, Inclusão e Pertencimento foram temas da palestra de Rita Von Hunty

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

A noite desta quarta-feira (7) foi marcada por uma apresentação impecável da influencer Rita Von Hunty, no Clube Cidade do Sol em Macaé, através de sua palestra no 2º Seminário Diversidades “Nas Cores da nossa luta”, realizado pelo Sindipetro-NF. Rita, persona de Guilherme Terreri Lima Pereira, reuniu centenas de pessoas para falar sobre vários temas que envolvem as diversas formas de opressão, aprofundando debates sobre pautas contemporâneas dos costumes da sociedade e da política, além, de quebrar estereótipos sobre drag queens.

Antes do início de sua apresentação, em entrevista exclusiva ao Sindipetro-NF, Rita Von Hunty contou sobre seu sentimento em estar pela segunda vez em Macaé. “Eu fico sempre muito feliz toda vez que a gente consegue dar um passo nesse sentido, porque significa que tem alguma coisa muito importante e muito séria acontecendo. Eu digo isso porque os espaços que a gente conseguiu construir como espaços de luta dos trabalhadores (as) são espaços históricos que tem uma importância e relevância que nós não temos dimensão, mas se existe direito ao voto, férias, décimo terceiro, participação nos lucros, no nosso país e em ouros países do mundo, é resultado de um processo longo de luta dos trabalhadores, só que essa luta não é única”, pontuou Rita.

Além disso, a convidada lembrou que esta mesma luta, não é apenas por melhores condições de trabalho, por igualdade, justiça. Essa luta é contra as formas de opressão e umas das formas mais nítidas do sistema é a opressão de classe e essa mesma opressão se desdobra em outras, então há: homens que oprimem mulheres, pessoas brancas que oprimem pessoas racializadas, pessoas heterossexuais que oprimem a comunidade LGBTQIAP+ e por aí segue. “Para que essas pessoas alcancem seus direitos, a gente precisa de uma conscientização da população de que essas pessoas não são parte da classe trabalhadora, elas são “a” classe trabalhadora. Até que esse movimento de trabalhadores entenda que eles não são uma abstração, que eles têm corpo, pele, orientação sexual, e se a gente não se organiza pra lutar, se a gente não se une a história mostrar que a gente é massacrado”.

O evento foi aberto oficialmente por Glauber Barreto, funcionário da entidade há quase 20 anos, que seguiu com o cerimonial falando um pouco sobre sua história de vida e junto ao Sindicato, dando também, fala aos diretores do Sindipetro-NF presentes, entre eles: Bárbara Bezerra, do Departamento de Cultura e Leide Morgado, que falaram um pouco sobre o pioneirismo do Sindicato em pontuar essas causas, na busca por transformação da sociedade, a importância de dialogar com as frentes e reunir tantas pessoas numa noite especial, plural, cultural, de lazer e conhecimento.

Os diretores Tezeu Bezerra e Sérgio Borges, destacaram que o evento proporcionou além de debates, porque se trata da evolução do ser humano. “Em nosso 1º Seminário falamos sobre o caso da Diana, uma mulher trans que foi hostilizada e perseguida em seu ambiente de trabalho e nós, enquanto Sindicato, abrimos as portas e a acolhemos para contar a sua historia, ou seja, essa é uma luta de todos nos”, disse Tezeu. Já o diretor Serginho, falou do orgulho que sente em pertencer à entidade. “Pautamos temas que vão além do que se espera. Nós precisamos combater toda e qualquer forma de opressão e quem venham mais momentos como este de respeito e inclusão”.

A Drag Queen macaense Luna Galtiery se apresentou antes da Rita subir ao palco, com muito brilho, talento e diversão, numa apresentação única de expressão artística. O artista e apresentador Júlio Ferraz, que dá vida à Luna, tem mais de 20 anos de carreira e seu trabalho é considerado um patrimônio histórico de Macaé. Vale ressaltar, que foi ela, Luna, a primeira drag da Região do Lagos a levar seu nome e o nome da cidade para vários estados do país e para o exterior.

Gabriel Souza cursa enfermagem na UFRJ Campus Macaé, tomou conhecimento sobre o evento através da Liga Acadêmica do curso que é a Liga de Saúde Comunitária. “A Liga abrange temas como saúde coletiva, pautas sociais, e afins, porque a saúde vai além do cuidado físico do paciente. É também saber que ele vai sair do hospital e não vai morrer com uma bala perdida por um ato de homofobia ou de racismo. A palestra da Rita nos norteia e nos dá embasamento para muitas coisas que vivemos diariamente”.

Tiago Franco é membro do Sindipetro-SP e coordenador da frente petroleira LGBT, que é um coletivo que agrega o público LGBT a nível nacional, em torno das reivindicações das suas pautas dentro da indústria do petróleo e da Petrobrás. “Eu participei do 1º Seminário e foi de extrema importância. Quando soube da 2º edição do evento, não pensei duas vezes em me programar para vir participar e prestigiar os meus amigos do Sindipetro-NF que já é engajado com nossa luta”, frisou.

Amanda Rodrigues é petroleira, trabalhou em Macaé, mas pediu transferência para São Paulo, onde passou por sua transição. Ela veio especialmente para o Seminário, entendendo a importância de pautar esses assuntos numa cidade de interior. “É muito importante disseminar e discutir essas formas de opressão de forma consciente, alcançando mais pessoas, mas principalmente tratar as escolhas de cada um de forma natural. A região recebeu um verdadeiro presente com essa oportunidade de ter a Rita palestrando”, disse Amanda, que sindicalizada pelo Sindipetro-NF.

Jéssica Andrade mora em Rio das Ostras, é uma mulher trans e também é petroleira. “Tem pouco tempo que iniciei a minha transição e vejo de forma muito importante falar sobre diversidade. Eu costumo dizer que a minha transição também é a transição das pessoas que estão ao meu redor e falando sobre diversidade com essas pessoas, percebo a dificuldade de entendimento de quem não vive a nossa realidade. Trazê-los para perto de nós ainda é difícil, mas pouco a pouco nós vamos nos fortalecendo e ocupando os nossos espaços”.

[Fotos: Luciana Fonseca / Da Imprensa do NF]