O movimento sindical brasileiro tem tantos desafios para estes dias finais de 2018 e para 2019 que não haverá como abrir mão de nenhuma frente. Ainda assim, é preciso focar em temas que tenham fácil assimilação popular e em relação aos quais derivem vários outros. Um deles é o do fim do Ministério do Trabalho.
Inicialmente anunciado, depois desmentido, e depois novamente anunciado, o encerramento das atividades da Pasta, que tem 88 anos de criação, é a aposta ousada do novo governo em um individualismo absoluto e no discurso da meritocracia.
A nova onda autoritária, liberal ortodoxa na economia, conservadora nos costumes e hipócrita nas práticas políticas, parece apostar que os trabalhadores e trabalhadoras não se vêem como tal, não se unirão, não sentem a necessidade da proteção de um órgão federal específico para amparar seus direitos.
Nem mesmo Fernando Henrique Cardoso, que tomou posse prometendo “acabar com a Era Vargas”, foi tão longe.
A opção de Bolsonaro pelos ricos está clara. Incrivelmente era algo percebido pela população até mesmo antes das eleições, como mostrou uma pesquisa Datafolha (que apontava que Haddad era muito mais identificado como alguém capaz de defender os trabalhadores do que o adversário). Ainda assim a maioria dos votos válidos foi para o militar recém-palmerense.
Há uma possibilidade muito crível de que tal aposta esteja na identificação de que o eleitorado de Bolsonaro, sobretudo o trabalhado na teologia da prosperidade e do esforço individual, seduzidos pelo discurso empreendedor e sem consciência de classe, assimila bem o fim do Ministério do Trabalho, justamente por não se acreditar trabalhador. São “pequenos empresários” que estão sendo doutrinados pela tese de que proteção do estado é para “vagabundo”.
O esforço central do movimento sindical, portanto, continua a ser o de desenvolver espírito de coletividade, formar politicamente para o pertencimento de classe, trabalhar a solidariedade e a empatia.
Como sabemos, somente juntos somos fortes.
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