Está tudo às claras. Despudoradamente, como a história há de reconhecer. A retirada do sigilo da delação de Antônio Palocci, a uma semana das eleições, feita pelo promotor do Ministério Público de São Paulo, quer dizer, pelo juiz Sérgio Moro, é um escancaramento sórdido da militância política do judiciário contra o ex-presidente. Isso, enquanto em outra frente proíbem três veículos de comunicação de entrevistarem Lula.
O “grande acordo nacional com Supremo e tudo”, que inclui a conivência da grande imprensa, faz questão de não se escandalizar com uma decisão como essa, tratando com simulada naturalidade um fato gravíssimo. Mesmo em democracias liberais, como a dos Estados Unidos, há regras nítidas para que o Judiciário, e até a Polícia, não tome medidas em períodos pré-eleitorais que possam ser entendidas como oportunismo político.
Moro, o Tribunal de Porto Alegre, entre outros, não fizeram outra coisa em relação a Lula em todo o processo. Gravações ilegais liberadas pelo juízo, tratamento seletivo de delações, tramitações apressadas, derrubada de decisões por telefone, entre outras aberrações jurídicas se tornaram método corrente.
Ocorre que justiça é diferente de legalidade. Por mais que muitos destes atropelos possam se cercar de aparente legalidade — posto que endossados pelo conluio que os permitem —, a população julga por outros parâmetros e percebe, ainda que não claramente, que algo está errado quando um dos presidentes mais populares da história do Brasil está preso em razão de um crime, no mínimo, de controversa comprovação (em relação ao qual, portanto, em mais uma exceção, não foi aplicado o princípio básico da dúvida ser tomada em favor do réu).
É por isso que, mesmo prisioneiro político, Lula continua a ser um patrimônio eleitoral disputado por candidaturas por todo País — inclusive algumas delas de políticos e partidos que apoiaram o Golpe de 2016.
Neste domingo será o momento de dar o troco nas urnas contra a ditadura da toga, contra o acordão do parlamento e contra o vergonhoso silêncio da grande mídia sobre o que de fato tem acontecido no País. Os trabalhadores e as trabalhadoras seguirão em luta e em resistência. A democracia vencerá.