Normalmente acusam a esquerda de “propaganda ideológica”, como se as ações da direita também não fossem movidas por alguma ideologia. Agora mesmo vê-se uma propaganda massiva que tenta fazer crer que não há outro caminho para a Petrobrás senão ser encolhida ao máximo. Foi o mesmo discurso dos anos 90, e se não houvesse resistência, a Petrobrás hoje poderia ser não mais do que uma Vale do Rio Doce.
O cinismo dos entreguistas é evidente, mas, infelizmente, não para todo mundo. Muita gente ainda não está vendo que, se este curso não for freado imediatamente, poderá ser tarde demais. A articulação da direita no Congresso com o governo interino golpista de Temer se move com rapidez para avançar no desmonte da companhia. Os primeiros, operando na remoção das garantias legais que ainda sustentam alguma perspectiva de fortalecimento da empresa, como a que obriga a Petrobrás a manter, no mínimo, 30% de participação nos poços do pré-sal. O segundo, por meio da nomeação do privatista do cabeça de planilha Pedro Parente para a Presidência da Petrobrás.
A visão preponderante acerca do papel da Petrobrás nos governos Lula e Dilma, de ser uma empresa integrada de energia, com forte presença no mercado externo e robusto mercado interno, alimentando diversas frentes de uma cadeia produtiva nacional, está sendo desmontada. Se tudo ocorrer do modo e na velocidade que querem os golpistas, em breve a nossa grande Petrobrás será a pequena Petrobrax que eles tentaram criar nos tempos FHC.
Este caminho nocivo não é inevitável, nem único, nem mesmo o melhor economicamente, como foi fartamente demonstrado, entre tantos outros lugares, pelo documento produzido pelo GT da Pauta pelo Brasil. Trata-se de uma opção ideológica, que fundamenta o discurso da grande mídia sobre o tema, as “opiniões” dos “analistas de mercado” e o atual comando da empresa.
Contra esta opção macabra, temos a nossa: nacionalista, soberana e popular. Resistiremos!
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