Editorial do Nascente: Golpe está ficando mais claro

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Por mais que, para petroleiros, pesquisadores e militantes sociais, o pré-sal seja um tema essencial, com toda a gravidade do ataque sobre ele estando nítida, o fato é que, infelizmente, trata-se de assunto distante da maioria dos brasileiros. O povo não tem a exata noção da riqueza envolvida, da nossa capacidade de explorá-la e da possibilidade de transformá-la em promoção de justiça social.

Do mesmo modo, gritar contra o golpe pode parecer coisa de petista ressentido e não envolve a grande massa cativada todas as noites pelos jornais e pelas novelas da TV comercial aberta. Os protestos contra cortes de direitos, devidamente escondidos ou estereotipados pela mídia, por vezes ainda soam como gritaria corporativa, sobretudo de funcionários públicos e empregados de estatais.

Mas, nos últimos dias, alguns dos anúncios do governo golpista estão revelando consequências mais próximas da população. Mexeram em algo que muita gente, até mesmo da elite, tende a querer preservar: a universidade pública para todos. Outro tema bomba é o da Previdência Social, além da expectativa de aumento de impostos e dos preços que disparam nos supermercados. Cresce, portanto, a possibilidade de insatisfação popular com Mishell Temer e a oportunidade de avançar na conscientização sobre a gravidade do momento em que vivemos.

Os movimentos populares, as forças progressistas, têm agora o desafio de conduzir para reações concretas o sentimento que deverá brotar como consequência do arrocho pretendido sobre o trabalhador. Não pode haver trégua, pois a luta é contra forças muito poderosas — dos três poderes da República, da mídia e do empresariado —, e só a resistência popular poderá impedir retrocessos que levariam as relações trabalhistas a condições semi-escravas.

Cada um tem a missão de manter a atividade de politização nos seus círculos reais e virtuais de amizade, parentesco e trabalho. E cada minuto é importante. Todos à luta.