Editorial do Nascente: Grande mídia quer pautar TSE

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

Avalizar a sequência do golpe, ao custo institucional que for, parece ser o recado que a grande mídia está dando aos poderes da República ao não cobrir devidamente a campanha da candidatura do PT à Presidência da República. Em qualquer manual de jornalismo, por qualquer ângulo que se olhe, a saga de um ex-presidente para candidatar-se, mesmo estando preso, e a resposta da população com altíssimos índices de intenção de voto, associado a um olhar internacional cada vez mais atento em relação ao caso, torna é pauta obrigatória.

Além disso, formalmente, Lula é candidato — para a contrariedade da casa grande, mas é. Só que antes mesmo do TSE, a grande mídia brasileira já decidiu que Lula é inelegível. Convenientemente “esquece” que centenas de candidatos concorreram exatamente nas mesmas condições, ou, quando não dá para “esquecer”, lança mão do argumento de que o ex-presidente estaria forçando a barra para concorrer sub judice, num pré-julgamento igualmente cerceador dos direitos políticos do ex-presidente.

A grande mídia também decidiu que o Brasil não é obrigado a cumprir decisões da ONU. Ou pelo menos as que se referem ao ex-presidente, como a que afirmou categoricamente que Lula deve ter a sua candidatura garantida pelo estado brasileiro. Bastou uma notinha do Itamaraty do governo Temer e um parecer do ministro Alexandre de Moraes para que a pauta desaparecesse.

Tentam apresentar e comentar pesquisas “com o cenário sem o presidente Lula” com aparente naturalidade (até há pouco tempo, disfarçavam, mostrando os dois cenários. Na última segunda, à noite, um programa inteiro da Band sobre as eleições foi feito completamente baseado apenas em pesquisa “sem Lula”, sob a justificativa de que esta seria a realista.
Ocorre que há um fator com o qual não estão sabendo lidar: a rejeição da população aos políticos parece estar favorecendo justamente quem está sendo privado de fazer campanha (ou ter a campanha devidamente noticiada), mas é amplamente conhecido, querido e tem seus feitos lembrados. Toda a tentativa de esconder Lula só faz aumentar a percepção popular acerca da injustiça cometida contra ele. E se isso vale para o hoje, valerá ainda mais para a história.

A grande mídia brasileira está fazendo um papel vergonhoso, mas isso não é novidade para quem apoia golpes há muito tempo.

[Nascente 1055]