Editorial do Nascente: O Brasil do pré-sal precisa voltar

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A diferença do Brasil que descobriu o pré-sal para o Brasil que está entregando o pré-sal é abissal. Em 2012, a Petrobrás previu investimentos de US$ 25,5 bilhões para a área de Exploração (no plano 2012-2017). Neste 2017, a previsão é de US$ 761 milhões (no plano 2017-2021). Essa é uma das faces do desmonte da soberania energética brasileira, com cortes cada vez assombrosos em exploração e pesquisa na Petrobrás.

No mês de outubro, a chamada “reestruturação do E&P” chegou ao final com uma mega-desvalorização da área na companhia. Justamente ela, que é a responsável por realizar novas descobertas, garantindo para a empresa reservas a longo prazo — assim como, junto com a área de Reservatório, propor e implantar o Plano de Avaliação de Descoberta. 

Cabe à Exploração selecionar, identificar e adquirir áreas exploratórias, processar e avaliar dados geológicos e geofísicos, selecionar e avaliar oportunidades exploratórias e descobertas.

A Bacia de Campos, por exemplo, atingiu expertise exploratório que lhe permitiu um índice de sucesso de 79%, inédito no mundo do petróleo, ao longo de mais quatro décadas de aquisição, processamento e interpretação de dados geológicos e geofísicos, perfurando mais de 1000 poços exploratórios.

Além disso, a “reestruturação” reduziu o número ou extinguiu gerências fundamentais, deixando os trabalhadores sob clima de extrema instabilidade, assédio e terror. Petroleiros e petroleiras destas áreas estão sendo tratados como meros produtos de prateleira. A empresa, após o Golpe, acentua e incentiva atitudes arbitrárias e antidemocráticas, tomando decisões em gabinetes fechados, sem ouvir as partes envolvidas (até mesmo entre gerências).

E de modo cínico, a alta gerência vem fazer marketing de democrática, lançando uma campanha para que a força de trabalho escolha o nome de um campo de petróleo recém descoberto, subestimando a inteligência da categoria. 

É urgente a reversão do quadro golpista que assola o País e a Petrobrás. O Brasil que descobriu o pré-sal e valoriza as suas riquezas precisa voltar.

[Nascente 1017]