Editorial do Nascente: O que a vitória da PR ensina

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A FUP e seus sindicatos são chamados de teimosos, por vezes, quando enfrentam resistências dentro da própria categoria pelo atendimento imediato de determinadas demandas. Quase sempre esta pressão se dá em contextos em que a empresa estimula a competição e o individualismo entre os trabalhadores e trabalhadoras. Se não houver consciência política, noção de pertencimento coletivo e visão de longo prazo, é de fato sedutor — e até aparentemente lógico — pressionar as entidades dessa forma.

No fechamento do atual ACT, que está garantindo direitos em meio à maior tormenta da história recente do Brasil em termos de cortes contra os trabalhadores, houve quem tivesse sido contrário à assinatura. Agora, na luta da PR, muitos pressionaram pela aceitação imediata da proposta da empresa, avaliando que a Petrobrás não aceitaria o pagamento à Fafen-PR, apostando na política do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

A resistência e a luta mostraram que quando a categoria se comporta com altivez, sem se deixar levar pelo lucro individual imediato, o resultado vem de forma coletiva. No caso específico da PR, nesta semana, após negociações que se sustentaram por quase todo o ano de 2018, a Petrobrás aceitou firmar compromisso de pagamento que inclui os trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes.

“Em carta compromisso, a Petrobrás garante que irá orientar os gestores da Araucária Nitrogenados a aprovar em Assembleia Geral Extraordinária a assinatura do Termo de Quitação da PLR 2017, bem como do Acordo de Metodologia da PLR, que tem vigência até março de 2019. A Assembleia da Araucária já está sendo convocada para que seja realizada o mais rápido possível”, informou a FUP.

Ressalte-se, no entanto, que o “resultado” de uma luta nem sempre pode ser medido pelo atendimento específico de uma reivindicação. Há momentos em que o ganho para a categoria não está em um índice obtido, ou em um pagamento realizado, mas no fato fundamental de ter-se mantido a união, a coesão na luta, que é essencial para as demais batalhas que virão. Há greves com muito mais importância política do que resultado reivindicatório.

Tudo isso é uma construção lenta, mas sólida em sua permanência, que a categoria petroleira, com muito orgulho, empreende há décadas.

[Nascente 1059]