Existem lideranças que influenciam de tal forma uma época que suas intervenções públicas acabam por contribuir para a reflexão de pessoas de qualquer credo. O professor, teólogo e escritor Leonardo Boff, que nesta semana ministrou palestra no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, é um destes personagens. Sua atuação é respeitada pelas alas sérias e progressistas de todas as religiões, com as quais mantém diálogo constante, sobretudo por ter combatido a visão mais ortodoxa da sua própria igreja — segundo à qual, por exemplo, só haveria um Deus e apenas por meio do catolicismo se chegaria a Ele, perspectiva afastada de vez pelo comportamento ecumênico do Papa Francisco.
Mas, para um sindicato, a contribuição de um intelectual como Boff, um dos criadores da Teologia da Libertação, está no quanto a sua obra tem de promotora da emancipação política e do quanto é carregada de humanismo. Sua voz é sempre um brado de otimismo, mesmo nos momentos mais difíceis. Sua trajetória de perseguido da ditadura civil-militar brasileira, e de alvo dos mais duros setores da igreja que adotou, mostram que a luta pode ser contra gigantes muito poderosos, mas, se é justa, precisa ser feita.
Em suas observações sobre a conjuntura atual do Brasil, durante a palestra proferida no NF, Boff inseriu o País no contexto global de avanço do neoliberalismo que, quando em crise, se reorganiza para manter os lucros do capital sobre o trabalho a todo custo, nem que para isso seja necessário implementar retrocessos civilizatórios e sociais. É a velha e atual luta de classes.
Segundo ele, não há outro caminho para as esquerdas enfrentarem este momento que não seja o de retornar às bases, aos grupos nos locais de trabalho e nas comunidades, para promover a conscientização política e organizar a resistência. Que assim seja.
Boff orgulha a categoria petroleira com a sua presença em nossa casa, e a todos os lutadores do povo por sua presença nas trincheiras das boas causas.
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