Editorial do Nascente: Tempo que é senhor da razão

Quando, em julho de 2015, com apenas seis meses de posse da presidenta Dilma Rousseff para o segundo mandato que o povo lhe conferiu nas eleições de 2014, a FUP e seus sindicatos dedicaram a 5ª edição da Plenafup à priorização do combate ao Golpe que se anunciava, muitos viram neste gesto uma ação partidária, uma iniciativa para defender a própria Dilma, o PT e o ex-presidente Lula — que participou da plenária, realizada na Escola Florestan Fernandes, do MST, no interior de São Paulo.

Felizmente, no entanto, esses muitos não foram todos. E nem sequer a maioria. Pois foi justamente a partir dessa denúncia clara, que se materializou na inédita Pauta pelo Brasil e em uma campanha reivindicatória que, pela primeira vez, não buscava discutir pontos do Acordo Coletivo dos Trabalhadores, mas os rumos do País e da Petrobrás, que a categoria petroleira chegou à greve histórica de novembro de 2015.

Aquela guinada e aquela greve não evitaram o Golpe. Nem o desferido contra a Democracia e nem a sequência de golpes contra os trabalhadores. Mas surtiu dois efeitos essenciais: internamente, advertiu à gestão da Petrobrás de que, independentemente do cenário entreguista que viriam a construir, haveria resistência à altura; e, de modo mais amplo, contribuiu para acordar as demais categorias de trabalhadores, algumas delas ainda ocupadas apenas com os seus índices de reajustes enquanto todas as demais garantias estavam por ruir, para a necessária luta que agora se trava.

Tudo o que estava previsto pelo movimento sindical aconteceu. Hoje, ninguém mais tem dúvidas de que o Golpe foi contra os pobres e os direitos trabalhistas e sociais. Foi uma resposta das elites e da especulação financeira ao crescente nacionalismo, aos avanços das políticas públicas e da ascensão do consumo das classes populares. 

Neste Momento, quando mais uma vez a categoria petroleira se prepara para a guerra, é preciso ter a clareza de estar do lado certo. Mais de um ano depois do golpe, está comprovado o seu caráter nocivo e a identidade da sua maior vítima, o povo. Não era “narrativa”, era fato. Vamos mais uma vez fazer história.

[Nascente 1014]