Editorial do Nascente: Todos contra eles

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A greve da última sexta-feira foi um termômetro da disposição de luta para mobilizações e paralisações mais intensas. E a temperatura se mostrou alta. Ainda assim, está clara a disposição do governo, do congresso e da mídia em tentar ignorar a pressão dos trabalhadores. Foi vergonhosamente criminosa a maneira como a grande imprensa minimizou a greve. Se eles estão fingindo que não ouvem, o barulho, então, terá que ser cada vez maior.

Estão brincando com fogo. Qualquer um que tenha ido a alguma das milhares de manifestações recentes pelo país pode testemunhar o crescimento da indignação popular e da rearticulação das forças de esquerda, agora com a vitalidade das formas horizontalizadas de participação.

Desde o golpe, ainda que se mantenham as democráticas, saudáveis e até mesmo essenciais diferenças entre tendências dos movimentos sindical e social, aumenta a comunhão de agenda entre os setores progressistas. Como há muito não se via, o grito vai se unificando para algo muito além de um “Fora Temer”. Trata-se de resistência a um estado de exceção que tomou conta do País, com militantes presos e movimentos sufocados.

No Rio, nem mesmo as TVs abertas puderam esconder o massacre da polícia, que a pretexto de reprimir “manifestantes mascarados”, avançou sobre a multidão que estava diante de um palanque, sem máscara, assistindo aos oradores que se revezavam no palco montado em frente ao Teatro Municipal. Acabaram com uma manifestação em segundos, ao vivo, diante de todo o País, sem que isso tenha sido considerado pelos narradores da imprensa como algo passível de denúncia.

Estão perigosamente banalizando a repressão. O resultado, recente na história do País, todos conhecemos. Não por acaso, há quem faça a leitura de que estaríamos em transição semelhante à que ocorreu entre 1964 e 1968, do golpe ao endurecimento do regime por ele instaurado.

O movimento sindical é responsável, não trabalha como a tática do “quanto pior, melhor”, e espera que os senadores revertam os ataques da Câmara. Mas, se insistirem com os cortes direitos, o cenário será recrudescido e se tornará incontrolável.

 

[Nascente 990]