Editorial do Nascente: Todos na Greve do dia 28

As pancadas que o brasileiro tem tomado neste processo de golpe contra o rumo de conquistas sociais que o País vinha tomando nos governos Lula e Dilma produz um efeito devastador no ânimo para seguir lutando. O bombardeio diário da mídia, que massacra a política e procura colocar a todos em um mesmo balaio, especialmente agora que não tem sido possível livrar da exposição nem mesmo antigos protegidos, manda o seguinte recado subliminar: “se você está empregado, dê graças a Deus, fique quieto e trabalhe. Se não está, deixe de ser um encostado, vire um empreendedor individual e vá à luta. Não há pelo que lutar, a não ser pela sua sobrevivência aí em baixo, enquanto nós, aqui de cima, cuidamos de tudo”.

É o pior cenário possível, pois corrói algo muito precioso, construído por quase dois séculos de lutas operárias no ambiente do capitalismo moderno: a noção de que os trabalhadores podem, devem e são capazes de assumir o protagonismo da política e fazer a roda da história girar em benefício da maioria, dos mais pobres, da inclusão.

As ideias de que “não tem jeito, está tudo dominado por quadrilhas” e de que “é preciso é cuidar da minha própria vida” formam o melhor dos mundos para os que querem continuar governando com poucos e para poucos. É o contrário da democracia, é o avesso da tendência de ampliação da participação popular.

Depois de uma maior divulgação dos efeitos nocivos dos ataques aos direitos trabalhistas e à Previdência, os brasileiros começaram a acordar, com boa parte deste despertar sendo percebido nas ruas e nas redes sociais. Bastou isso para que Mishell e sua base no Congresso recuassem um pouco, timidamente, na proposta de reforma da Previdência, mas ainda em patamares inegociáveis, como são inegociáveis quaisquer perdas de direitos.

Mas o jogo é pesado, e será necessário usar a única linguagem que os patrões entendem: a greve.

Todos somos diretamente atingidos pela precarização da relação de trabalho e não pode haver a menor dúvida sobre de que lado lutar. Os petroleiros e petroleiras não podem deixar de atender a esse chamado imperativo da classe trabalhadora. Vamos à greve do dia 28. E estejamos preparados para batalhas ainda mais intensas. Está na hora de fazer história.

 

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