Editorial do Nascente: Um traidor na Presidência

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

Reportagem da BBC Brasil mostra que, cinco meses antes da publicação do decreto de Mishell Temer que entrega um pedaço da Amazônia, do tamanho do Espírito Santo, para a mineração, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, havia anunciado a empresários do Canadá que a área de preservação seria extinta para que seja levada a leilão a autorização da exploração do minério no local. Se isso não é crime de traição ao País, fica difícil saber o que mais será.

“Publicado no Diário Oficial do dia 24 de agosto sem alarde, o decreto que determina a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), na Amazônia, surpreendeu muita gente e ganhou manchetes alarmadas no Brasil e nos principais jornais do mundo. Não foi o que ocorreu com investidores e empresas de mineração canadenses”, revelou a BBC Brasil, que também informou na última terça, 29, que o decreto foi suspenso por decisão judicial motivada por ação popular.

Petroleiros e petroleiras não se surpreendem com este comportamento. Com a área do petróleo isso é tragicamente usual. Está na própria essência do golpe de 2016 o atendimento a interesses estrangeiros no setor. Para tanto, derrubaram uma presidenta e avançam no programa de desmonte da Petrobrás.

Por mais simbólica que seja, a entrega do petróleo envolve um discurso econômico que somente os muito envolvidos com as discussões estratégicas do país conseguem compreender, engajando os movimentos sociais mais habituados ao tema, daí as raras manifestações espontâneas sobre o assunto. Com a Amazônia foi diferente, como mostrou a militância imediata de vários agentes sociais e de pessoas de larga visibilidade pública, como artistas.

Tanto em um caso como no outro, no entanto, com ou sem um grande clamor popular, o governo Mishell chegou a um ponto que não importa mais qualquer reação de opinião pública. Nada parece impedir que leve adiante a receita dada pelo marqueteiro Nizan Guanaes, numa das primeiras reuniões deste governo golpista, que orientou Temer a “aproveitar a impopularidade”.

A força popular para interromper essa escalada entreguista precisará ser ainda mais enérgica do que tem sido. É urgente construir essa reação e os petroleiros e petroleiras são parte essencial dessa conscientização. A história chama e precisamos atendê-la.