Editorial do Nascente: Venceremos

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O governo MiShell-Bolsonazi parece seguir a máxima de Maquiavel: fazer todo o mal de uma só vez. A sucessão de anúncios abruptos nesta transição, aparentemente contraditórios e sem sentido, mistura balões de ensaio com intenções reais com o objetivo de gerar instabilidade e fazer avançar uma agenda ultra-conservadora em meio ao caos.

Essa estratégia não é nova. É a mesma utilizada por Donald Trump, mas com uma diferença crucial: nos EUA as instituições (por vezes, até mesmo o próprio Partido Republicano) resistem às suas maluquices que geram prejuízos à economia e à democracia. Por aqui, as instituições ainda estão mergulhadas no espírito do “pacto nacional com Supremo e tudo” e seguem aceitando qualquer coisa para “acabar com os vermelhos”.

Atordoada entre o que é real e o que é “fake news”, a população não sabe mais no que acreditar. Desconfia indiscriminadamente da imprensa, dos partidos, dos sindicatos, das universidades, e confia nos grupos de WhatsApp da família e nos líderes religiosos. O terreno está perigosamente preparado para ataques profundos a direitos básicos que levaram décadas para serem conquistados.

Mordaça nas escolas, fim do Ministério do Trabalho, desdém com o meio ambiente, costas viradas para o Mercosul, decisões afoitas sobre o mundo árabe e a China, falas beligerantes contra opositores, estímulo à homofobia e ao machismo, desmonte das políticas públicas para a cultura e desconhecimento sobre questões elementares no funcionamento da máquina pública são algumas das dolorosas revelações dos últimos dias.

Os setores conscientes, os movimentos sociais, as pessoas que conseguem manter a lucidez em meio a essa deliberada estratégia de atordoamento coletivo devem manter o foco, a resistência, a união e o diálogo constante com todos aqueles que se mostram perdidos.

Está muito difícil, mas nunca foi fácil para os lutadores do povo. A cada minuto parece brotar um novo absurdo. Resistiremos a esse pacotão de maldades com militância, conscientização, cultura e conhecimento. Os retrocessos acontecem, por vezes aparentemente irreparáveis, mas a civilização vencerá o obscurantismo.