Do Nascente 943
Você, petroleiro ou petroleira da Petrobrás que ainda não está convencido de que é necessário ir à luta, certamente está acompanhando com grande apreensão este cenário que combina a interinidade — e, quem sabe, a continuidade — de um governo golpista que tem uma visão privatista da Petrobrás. Também pode ter preocupação com os mais de 50 projetos de lei no Congresso Nacional que ameaçam cortar direitos, ampliar a terceirização e a pejotização. Correto?
Ou essas premissas estão erradas e, na verdade, você considera que os tempos Lula e Dilma quebraram a Petrobrás, nos empurraram para o atraso e que, agora, é preciso recuperar os investimentos perdidos com o modelo esquerdista-estatista e abrir de vez o setor petróleo para o mercado internacional, assim como flexibilizar as leis trabalhistas para gerar mais postos de trabalho e descomplicar a vida dos empresários?
A experiência da categoria petroleira leva a crer que, se não a totalidade, a grande maioria está mais inclinada a fazer a leitura da realidade presente no primeiro parágrafo.
Se o seu caso for, no entanto, mais próximo da segunda possibilidade, sugerimos que você compare todos os dados disponíveis sobre a Petrobrás e o setor petróleo antes e depois de Lula. Uma pesquisa rápida no google indica várias fontes. Não haverá uma sequer que mostrará que a empresa estava melhor naquela época do que hoje — mesmo passando por tudo o que passou.
Então, o que eventualmente ainda te impede de lutar? A crença de que a onda golpista não te golpeará? A suspeita de que as entidades que te chamam à luta, como o Sindipetro-NF, a FUP e a CUT, estão, na verdade, a serviço de Dilma, do Lula e do PT? A sua condição financeira estabilizada em comparação à dos petroleiros do setor privado à sua volta? Um certo senso de pertencimento burguês que o afasta da percepção de ser um trabalhador como qualquer outro? Acomodação? Ou tem alguma outra desculpa?
Estas não são provocações no mau sentido do termo. São questões para entendermos o que ainda falta para que você se dê conta de que o golpe também é contra você, empregado e empregada da Petrobrás, tanto na condição de petroleiro quanto na de brasileiro.
Cada um faz muita falta nesse momento. E se você não sair dessa inércia poderá se arrepender quando a Petrobrás for transformada em uma empresa administradora de contratos do setor privado com meia dúzia de empregados diretos — isso se não tiver ela mesma se tornado uma empresa privada.
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