Em um País soberano e democrático, que não tivesse a sua grande imprensa comprada e colonizada, o escândalo denunciado pelo jornal inglês The Guardian, no último domingo, seria repercutido localmente por toda a semana e provocaria abalos sérios no governo. Por muitíssimo menos, quase toda a cúpula do setor de ônibus do Rio de Janeiro está presa. E essa afirmação não é apenas retórica: os esquemas de suborno no Rio, de acordo com a denúncia que levou à prisão empresários e políticos é de R$ 260 milhões. O caso denunciado pelo Guardian revela uma renúncia fiscal para o Brasil de R$ 1 trilhão. A propinagem de Cabral, Jacob Barata e companhia no Rio é um cafezinho perto do esquema de MiShell com as petroleiras estrangeiras.
Não é de hoje que a conversa das multinacionais do setor petróleo é muito íntima com a parte da elite brasileira que sempre esteve à venda. Se dependesse dela, a Petrobrás nunca teria existido. As primeiras campanhas do “Petróleo é Nosso” foram justamente para denunciar os entreguistas. O modo de operação desses abutres é muito conhecido no setor petróleo: onde dá, fica mais barato e pega menos mal, eles fazem a guerra; onde é mais difícil encontrar um bom pretexto, eles compram governos, parlamentares, “formadores de opinião”.
Para quem não viu na imprensa (até mesmo por não ter saído), ou não clicou nos links da mídia progressista alternativa, um resumo: o Greenpeace acionou o governo da Grã-Bretanha, por meio de uma lei semelhante à brasileira de acesso à informação, e obteve documentos que comprovam que o ministro do Comércio da Inglaterra, Greg Hands, esteve no Brasil neste ano para reuniões com o secretário do Ministério das Minas e Energia, Paulo Pedrosa, e ditou as necessidades de petroleiras como a Shell, BP e Premier Oil para obterem benefícios em tributação e licenciamento ambiental. A matéria estarrecedora está disponível em bit.ly/2hDhcuv.
As regras do leilão do pré-sal do último mês de outubro vieram sob este tipo de encomenda (pela MP 765), acabando com a política de conteúdo nacional. Antes, o mesmo havia ocorrido com o PLS131/2015, apadrinhado pelo senador José Serra (PSDB-SP).
Por qualquer ângulo que se olhe, estamos diante de um crime de lesa-pátria. Senadores progressistas e a FUP exigem a anulação do leilão do pré-sal e tomaram medidas jurídicas neste sentido. Você não verá isso no Jornal Nacional.