Editorial: O mais influente partido do Brasil

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O mais influente partido em atuação no Brasil não é o maior em número de filiados e nem o mais popular. Nem mesmo é brasileiro. Sequer tem registro no TSE. Ainda assim tem centenas de deputados, dezenas de senadores e o presidente da República. Os estrategistas do partido estão passando por um momento difícil: monitoram o que é menos arriscado entre as opções de manter o Temer ou de tirar o Temer.

Trata-se do PGC, o Partido do Grande Capital, que nesta semana tentou se agarrar na figura de Henrique Meirelles para ensaiar alguma reação no Congresso para aprovar o seu pacote de corte de direitos. Eles precisam de “estabilidade” e “segurança jurídica” para continuarem a concentrar renda e subjugar os interesses nacionais aos seus interesses corporativos.

Quando, mesmo no governo Lula, não se sentiam tão ameaçados, pois mesmo em ambiente internacional de crise eles conseguiam, no Brasil, manter os seus lucros, o PGC mantinha a sua aliança com as urnas e com a democracia. Depois, em momento de escassez, mandaram às favas os escrúpulos formais e depuseram a presidenta Dilma Rousseff, na esperança de que o seu vice golpista, o entreguista Mishell, fosse colocar em prática o programa que não havia sido aprovado pelo povo no voto.

Não contavam com a fragilidade da ficha corrida de Temer. Ou até contavam, mas, fazer o que? É o que tinham para lançar mão. E levaram adiante a agenda de golpes, com as reformas trabalhistas e previdenciária, em parte aprovadas e em parte mergulhadas em uma corrida subterrânea por aprovação no submundo da mais conservadora composição legislativa da história recente do País.

Mas mesmo os regimes mais déspotas, mesmo os esquemas mais poderosos e oligopolistas, mesmo os donos de todo o dinheiro do mundo, não conseguem dominar ou comprar a todos o tempo todo. Carecem de legitimação e encontram resistência popular às suas políticas nocivas. Por isso monitoram a resiliência de Temer, estudam os passos seguintes, pactuam com a mídia a construção de um cenário de indicadores positivos na economia, mas, no fundo, temem a greve geral que está por vir e temem ainda, com mais intensidade, a realização de Diretas Já que poderão fazer voltar ao poder um Lula ainda mais à esquerda e mais cioso da sua missão histórica de preservação dos direitos sociais.