Em defesa da vida. Paralisação de 24h dia 28/04

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No dia 28 de abril, quando entidades sindicais no mundo todo realizam manifestações em memória das vítimas de acidentes de trabalho, a FUP convoca os petroleiros a paralisarem as atividades em defesa da vida. Não podemos permitir que tragédias como a explosão na plataforma de Enchova, o afundamento da P-36, quedas seguidas de aeronaves e tantos outros acidentes fatais sejam esquecidos e reduzidos a números nas frias estatísticas da Petrobrás. Por isso, a FUP indica aos sindicatos que discutam nas bases a organização de uma paralisação de 24 horas no próximo dia 28, por um basta aos acidentes e pelo direito a um ambiente de trabalho seguro para todos os trabalhadores, sejam eles próprios ou terceirizados. 

SMS na contramão das reivindicações

Um mês após o acidente aéreo na Bacia de Campos, as diretrizes de SMS do Sistema Petrobrás permanecem as mesmas: totalmente distantes da realidade e necessidades dos trabalhadores. Além de estarem na contramão das propostas e reivindicações da FUP, essas diretrizes só exitem no papel. Enquanto isso, o petroleiro continua pagando com a sua saúde e, em muitos casos, com a própria vida os custos do crescimento da empresa e os recordes de produção e lucro.

Apesar das questões de SMS serem priorizadas pela FUP e seus sindicatos nas campanhas reivindicatórias e nas negociações permanentes com a Petrobrás, os avanços têm sido insuficientes. Nossas principais bandeiras de luta continuam marginalizadas pela empresa, que prefere transferir a responsabilidade dos problemas para o trabalhador, em vez de desenvolver uma política de segurança focada no ambiente de trabalho.

A insegurança nossa de cada dia

Medo na Bacia de Campos Uma série de ocorrências nas últimas semanas expôs a situação caótica dos embarques e desembarques nas plataformas da região. No último dia 12, dois helicópteros quase se chocaram no ar. As duas aeronaves voavam na mesma altitude, mas em direções opostas, quando um dos pilotos percebeu e desviou. No chuvoso dia 14, uma aeronave que seguia para SS-52 teve que retornar para o aeroporto de Macaé no meio do percurso, por causa de infiltrações na cabine. Passageiros e tripulantes desembarcaram completamente molhados. No dia 23, mais uma aeronave apresentou pane, quando se preparava para decolar da P-15. Esses são apenas alguns dos vários relatos de petroleiros da Bacia de Campos que, reféns da insegurança, têm recorrido ao Direito de Recusa, previsto no Acordo Coletivo de Trabalho, para protegerem suas vidas. O movimento é apoiado pela FUP e pelo Sindipetro-NF, que, no último dia 27, reuniu-se com as gerências da UN-BC para, mais uma vez, cobrar o atendimento das reivindicações e propostas da categoria para garantir a segurança nos embarques e desembarques na região.

Vazamentos na Fafen Bahia Em menos de quinze dias, dois graves acidentes por pouco não se transformaram em tragédia na Fábrica de Fertilizantes da Bahia. Dois vazamentos seguidos ocorreram nas unidades de produção de uréia e amônia, respectivamente nos dias 15 e 27 de março. Por sorte, os vazamentos foram de madrugada, quando havia pouca movimentação de trabalhadores na fábrica. Na unidade de produção de uréia, o acidente chegou a causar queimaduras e ferimentos nos petroleiros do turno que, mesmo assim, conseguiram controlar o vazamento. Na unidade de produção de amônia, o vazamento foi ainda maior e poderia ter causado uma explosão de grandes proporções, o que levou os trabalhadores a pararem a unidade. Os trabalhadores decidiram só voltar a operar as unidades quando tiverem a certeza de que não estarão mais expostos a situações potenciais de riscos, como lhes assegura o Direito de Recusa. O sindicato da Bahia e a FUP estão em negociação permanente com a gerência da Fafen para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores, já que a Petrobrás não tem assumido essa responsabilidade.

Naufrágio no Espírito Santo O Sindipetro-ES denunciou recentemente uma história absurda ocorrida no início de março, quando dois trabalhadores da Transpetro, que estavam a bordo do navio Lorena BR, no litoral de São Mateus, naufragaram e ficaram à deriva por mais de uma hora no mar até serem resgatados. O drama dos trabalhadores começou a bordo do navio, quando foram designados a acompanhar uma colega, que passou mal e precisou ser internada. Como o mar estava muito revolto, não houve condições do rebocador se aproximar do navio. A remoção da trabalhadora foi feita através da contratação de um barco pesqueiro, onde os dois marítimos da Transpetro a acompanharam. Quando se preparavam para retornar ao navio, os trabalhadores foram informados pelo pescador de que não haveria condições de seguir viagem, pois já era noite e o mar estava muito agitado. O comandante do navio desconsiderou os alertas e insistiu que os marítimos deveriam retornar, pois o navio precisava partir. Conclusão: os trabalhadores tiveram que contratar uma lancha para leva-los de volta ao navio e acabaram naufragando, após a embarcação tombar no mar agitado. A irresponsabilidade do comandante por pouco não lhes custou a vida. 
Tão surreal quanto essa história, foi a forma como a trabalhadora doente foi resgatada do navio.  

A absurda história de Vlaleivan

No último dia 25, o Sindipetro-NF participou em Macaé da primeira audiência na Justiça do Trabalho para relatar a absurda história do petroleiro Vlaleivan Sanches, 33 anos, e exigir que as empresas que o contrataram sejam responsabilizadas pela tragédia que esse trabalhador vive há um ano. 
Em março do ano passado, Vlaleivan sofreu um grave acidente, quando realizava uma operação de hidrojateamento na plataforma P-07, na Bacia de Campos. A mangueira rompeu-se e o jato atingiu sua barriga com impacto equivalente a um tiro. Vlaleivan teve o abdômen perfurado e foi socorrido por um técnico de enfermagem que estava a bordo e suturou a região, orientado por um médico da Petrobrás que acompanhava o procedimento através de vídeo.
 Sem socorro adequado, o petroleiro perdeu parte considerável dos intestinos e, desde o acidente, é obrigado a utilizar uma medicação importada de alto custo para possibilitar que seu organismo absorva os nutrientes de sua rigorosa dieta diária. 
Inutilizado e sem assistência, Vlaleivan tem arcado com todos os custos dos remédios que consome, pois a empresa para a qual trabalhava – Ecoblast Hidrojateamento Ltda – parou de pagar a medicação quando descobriu que o trabalhador, através do departamento jurídico do Sindipetro-NF, entrou com ação na justiça para cobrar os seus direitos. Essa imoral retaliação da empresa não causou sequer constrangimentos à Odebrechet e Petrobrás, contratantes da Ecoblast e que, portanto, também têm responsabilidade no acidente. 
O drama vivido por Vlaleivan revela a que ponto pode chegar a irresponsa-bilidade e a total falta de humanidade nas relações de trabalho impostas pela terceirização, quarteirização e tantas outras formas de precarização da mão de obra no Sistema Petrobrás. A próxima audiência está prevista para junho.

FUP e Conticom formam parceria no combate à precarização do trabalho na Petrobrás

Unidade na luta em benefício do conjunto da classe trabalhadora. Com esse objetivo, a FUP e a Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT) selaram no último dia 20 uma parceria estratégica para combater a precarização do trabalho nas empresas do Sistema Petrobrás. A aliança entre as duas entidades foi deliberada durante um encontro na sede nacional da CUT, em São Paulo, que reuniu dirigentes sindicais petroleiros e da construção civil de vários estados do país.
A intenção é somar forças na ação e potencializar o poder de pressão e mobilização da FUP e da Conticom para fazer valer os direitos dos trabalhadores. “Temos dezenas de milhares de operários que atuam como terceirizados nas obras da Petrobrás, trabalhando em empresas que ganham licitações e depois abandonam o local sem pagar salários e direitos. A partir de agora, com esta parceria com a FUP, vamos ter melhores condições de agir contra essas picaretagens”, declarou o presidente da Conticom, Waldemar Pires de Oliveira. 
Principais ações apontadas pela FUP e Conticom: respeito à representatividade dos sindicatos cutistas; garantir direitos trabalhistas e condições dignas de segurança e salários nos contratos da Petrobrás com as prestadoras de serviço; os contratos com a Petrobrás devem incorporar uma “cláusula de responsabilidade” que obrigue a estatal garantir o cumprimento da legislação pelas empresas contratadas, principalmente o pagamento de salários e verbas rescisórias; participação da Conticom na Comissão de Terceirizção da FUP. Foi constituída uma comissão de seis dirigentes sindicais, três por entidade, para aprofundar o debate e discutir novas ações de combate à precarização do trabalho dos terceirizados na Petrobrás. 
Essa é mais uma ação que é fruto da campanha nacional da FUP por condições dignas de trabalho, segurança e salários para os trabalhadores terceirizados. No dia 20 de fevereiro, a Federação e seus sindicatos realizaram uma grande mobilização nas unidades do Sistema Petrobrás, cobrando mudanças na política de terceirização da empresa. 
(Com colaboração de Leonardo Severo,  jornalista da CUT)